São Paulo, segunda, 30 de março de 1998

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DESABAMENTO
Prefeitura de Porto Alegre interditou o prédio que caiu parcialmente e que resultou em quatro mortes
Prédio da PUC-RS não tinha Habite-se

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre

O prédio da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) que sofreu um desabamento parcial no último sábado, provocando a morte de quatro operários, ainda não tinha licença da Prefeitura de Porto Alegre para ser ocupado.
A Secretaria Municipal de Obras e Viação de Porto Alegre, que deu ontem a informação sobre a falta de Habite-se, interditou o prédio e só suspenderá o embargo depois de avaliar o laudo técnico sobre a estrutura do edifício.
Alunos da faculdade de direito estavam assistindo aulas no prédio desde o início de março. O assessor de imprensa da PUC-RS, Carlos Alberto Carvalho, disse que as aulas estavam ocorrendo em andares (do terceiro ao sexto) que estavam "totalmente concluídos".
O assessor declarou que as aulas só eram dadas à noite, para não coincidir com as obras complementares, que estavam sendo realizadas durante o dia.
Ele disse que só hoje, com a retomada do expediente, a PUC poderá se pronunciar sobre a falta de Habite-se. Segundo Carvalho, a estrutura do prédio não foi abalada, e a interdição foi necessária para o trabalho de perícia.
O estudante do nono semestre de direito Ricardo Sá disse, no sábado, após o acidente, que sua turma teria aula na tarde daquele dia, no sétimo andar, o que só não ocorreu devido a um desencontro com o professor. "A gente estava correndo risco."
A 11ª Delegacia de Polícia abriu inquérito para apurar as causas do acidente. Técnicos do IC (Instituto de Criminalística) estiveram ontem no local para fazer um levantamento para perícia.
Segundo a assessoria da PUC, a empresa Lima Construções, de Cachoeirinha (na região metropolitana), era responsável pelo reservatório de água que desabou, rompendo as paredes da escada externa, nos fundos do prédio 11 da faculdade de direito.
Alguns operários caíram da altura do 12º andar junto com os escombros. Parte dos escombros atingiu o prédio 12, que também foi interditado.
Dois operários - Joveci Gonçalves e Ivan Rodrigues - continuavam em estado grave no final da tarde de ontem. Morreram no acidente Sandro Lagarreta, Paulo Cesar Hofmann, Airton da Silveira e Paulo Cesar Pinheiro Ramirez.



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