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VOLUNTARIADO
Para psicólogo da Unesp, participação de jovens ajuda no amadurecimento e na compreensão da cidadania
Adolescente adere ao trabalho voluntário
MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles são jovens, inseguros e, frequentemente, rotulados de rebeldes, mas estão descobrindo um
jeito novo de mostrar que podem
ser responsáveis e muito solidários quando querem.
Adolescentes de todo o país estão descobrindo as vantagens de
exercer um trabalho voluntário.
"Comecei a valorizar a minha
vida depois de perceber que há
pessoas que precisam de muito
mais coisas do que eu", diz a estudante gaúcha Carolina Simm, 15.
Ela descobriu o voluntariado ao
assistir a uma palestra da ONG
Parceiros Voluntários, de Porto
Alegre (RS), no colégio Monteiro
Lobato, no ano passado. A ONG
desenvolve um programa que incentiva adolescentes a participar
de trabalhos voluntários.
"Ouvi declarações de jovens que
já tinham aderido ao voluntariado e me interessei. Descobri como
é gratificante ver o sorriso de uma
criança carente e saber que posso
fazer algo de bom para ela."
Carolina participa de atividades
de recreação com crianças excepcionais em uma escola na periferia de Porto Alegre.
Na mesma cidade, a ONG também incentivou um grupo de nove adolescentes a levar peças de
teatro a creches e asilos. Os estudantes Jéssica Luz, 17, e Fernando
Zugno, 15, fazem parte do grupo.
"Nós encontramos no teatro
uma maneira de levar alegria a
pessoas tão carentes. Tínhamos a
ansiedade de chegar a lugares
mais variados e estamos conseguindo", afirma Jéssica.
Para Fernando, o voluntariado
trouxe responsabilidade e maturidade ao seu jeito de encarar a vida. "Levo a escola com mais seriedade agora porque sei que muita
gente gostaria de estar no meu lugar e não tem condições", diz.
Segundo o psicólogo da Unesp
(Universidade Estadual Paulista)
Nelson Silva Filho, mestre em psicologia da saúde e especialista em
adolescência, o trabalho voluntário pode ser muito benéfico ao desenvolvimento do jovem.
"O voluntariado permite ao
adolescente confrontar fantasia e
realidade e dá a ele a possibilidade
de entrar na idade adulta por um
ritual de passagem diferente do
tradicional vestibular. Isso traz
uma dimensão da cidadania que
implica o amadurecimento."
"Fantástico"
O psicólogo alerta às entidades
que recebem os jovens voluntários para que tenham o cuidado
de envolvê-los em tarefas que respeitem seus limites de ação.
"Nós vivemos em uma sociedade onde existe a criança e o adulto. O adolescente é considerado
uma "coisa". O fato é que ele tem
muito do adulto e muito da criança. No momento em que ele descobre que pode fazer algo como
um adulto, é fantástico", afirma.
"As escolas, em geral, têm currículos estupidificantes, que propõem coisas fora da realidade dos
adolescentes. O trabalho voluntário permite que eles exerçam coisas que na escola ou em casa eles
não têm condições de fazer."
Segundo a vice-presidente da
Parceiros Voluntários, Maria Elena Johannpeter, cerca de 20% dos
adolescentes que ouvem as palestras aderem ao programa.
A ONG recebe os interessados
que procuram instituições cadastradas que precisem de voluntários com seu perfil.
Cada instituição costuma ter
dois coordenadores de treinamento de voluntários. Desde o
início da atividade, o coordenador acompanha e avalia o trabalho dos jovens participantes.
"O objetivo desse projeto de encontrar voluntários na escola é
desenvolver a solidariedade, a
responsabilidade e o engajamento dos jovens em projetos de vivência social", afirma.
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