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ENSINO MÉDIO
Levantamento, encomendado pelo MEC, evidencia a diferença entre as escolas particulares e as públicas
Pesquisa da Unesco quantifica desigualdade
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pesquisa inédita realizada pela
Unesco e divulgada ontem em
Brasília comprova que o ensino
médio não foge à regra no país:
tem qualidade insuficiente e apresenta desigualdade entre escolas
particulares e públicas.
Com enorme desvantagem para
essa última, que, por outro lado, é
responsável por 87% das matrículas do ensino médio.
No ano passado, eram 8,7 milhões de alunos matriculados,
sendo que 7,569 milhões estavam
nas três redes públicas -municipal, estadual e federal.
De acordo com o levantamento,
nas instituições públicas há mais
probabilidade de encontrar alunos com baixa frequência em atividades de cultura e lazer, quase
sem acesso a tecnologias (laboratórios e computador) e filhos de
mulheres analfabetas ou com ensino fundamental.
Já nas escolas privadas há mais
espaço para atividades esportivas,
aulas de ciências, de línguas estrangeiras e de informática e menor índice de reprovação, repetência e abandono.
No geral, 45% dos alunos do ensino médio no Brasil já reprovaram, ou seja, não tiveram desempenho adequado em uma ou mais
disciplinas.
Esses dados comprovam situações que profissionais da educação já vivenciam: quando os alunos conseguem chegar ao ensino
médio, não têm bom desempenho e são pouco estimulados (faltam laboratórios, computadores e
até livros). Encontram ainda professores mal preparados, com baixa remuneração.
Realizada em 13 capitais, a pesquisa da Unesco (Organização
das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) foi transformada no livro "Ensino Médio:
Múltiplas Vozes", coordenado
por Miriam Abramovay e Mary
Garcia Castro.
Quando a questão envolve os
problemas, 6 em cada 10 estudantes citam o desinteresse deles
mesmos como o principal ponto.
"A coisa mais difícil na cadeia
educacional são os jovens. Eles já
não se contentam somente com
quadro negro, cadeiras. Querem
coisas novas. [...] Precisamos pensar em algo diferente que alie ofício, arte, esporte e remuneração",
afirmou o ministro Cristovam
Buarque (Educação).
Para tentar mudar essa realidade, o secretário de Educação Média e Tecnológica, Antonio Ibañez
Ruiz, disse que está em estudo
uma série de mudanças. Entre
elas: a criação de uma bolsa para
essa faixa etária, a ampliação do
ensino médio de três para quatro
anos e a preparação de professores.
Metodologia
A pesquisa ouviu 50.740 alunos
em 673 escolas públicas e privadas de 13 capitais brasileiras.
Como a amostra foi probabilística, os dados podem ser generalizados para o universo de alunos
nessas cidades -1,271 milhão de
estudantes. Para a seleção, foi utilizado o Censo Escolar 2000.
Também responderam aos questionários 7.020 professores.
Coordenado pelas pesquisadoras Miriam Abramovay e Mary
Garcia Castro, o estudo foi realizado entre 2001 e 2002 pelo setor
de pesquisa e avaliação da Unesco
no Brasil a pedido da Secretaria de
Educação Média e Tecnológica do
Ministério da Educação.
Classificado pela Unesco de
"maior pesquisa realizada sobre o
assunto na América Latina", o levantamento engloba as seguintes
capitais: Rio Branco, Macapá, Belém, Teresina, Maceió, Salvador,
Cuiabá, Goiânia, Curitiba, Porto
Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e
Belo Horizonte.
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