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MARIA TEREZA MOREIRA DE JESUS (1974-2010)
A atriz negra que se lançou em alto-mar
DA REDAÇÃO
Maria Tereza Moreira de
Jesus faria 36 anos no dia 18
de maio. Poeta, compositora e
atriz negra -como fazia questão de se apresentar-, nasceu
e viveu na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte de SP.
Estudou piano quando
criança para tocar na igreja
evangélica frequentada pelos
pais. Para sobreviver, foi garçonete, vendedora, recepcionista e segurança.
Publicou dois livros de poesia, "Ruídos" e "Negrices em
Flor", e o infantil autobiográfico "Vermelho", ilustrado
por Andrés Sandoval.
No teatro, trabalhou com
Zé Celso Martinez Corrêa nas
leituras dramáticas de "Mistérios Gozozos" e criou espetáculos solo em que musicou
e encenou poemas de Solano
Trindade, Stela do Patrocínio
e Hilda Hilst.
Em 2007, Tereza descobriu
ser portadora de doença raríssima e de difícil tratamento, conhecida, ironicamente,
como síndrome POEMS.
Por três anos lutou sem
perder o bom humor -e o humor negro e corrosivo que
eram marcas de sua personalidade. Na quarta-feira sorriu
pela última vez ao sair do hospital levada por amigos queridos em uma ambulância alugada. Os tratamentos já não
faziam efeito.
Deixa saudade, expressa
tão bem na música "Mar Interior", composta por ela em
1998 e gravada por Celso Sim
em 2000: "Ah! você partiu e
me deixou / A ver navios em
frente ao mar/ Só há solidão/
De estar em frente ao mar/
Beira do mar/ Molhei os pés/
E lá lavei/ Minh'alma/ Linha
do mar/ Vou me lançar/ E lá
ficar/ Conhecer o mar/ Eu
vou partir num vapor vulgar/
Vou me lançar em alto-mar/
Eu vou partir num vapor vulgar/ Vou viajar/ Vou ver estrelas/ E voltar".
O enterro será hoje, às 9h,
no cemitério Parque Jaraguá
(rod. Anhanguera, km 23,2).
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