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COMPORTAMENTO
De acordo com especialistas, meninos e meninas apresentam distúrbios alimentares cada vez mais cedo
Busca pelo corpo perfeito atinge crianças
ANTONINA LEMOS
da Reportagem Local
Amanda Allers,13, adora produtos diet. Ela também evita comer
chocolate e tomar Coca-Cola. Motivo: apesar de medir 1,62 m e pesar 46 kg, ela tem medo de engordar. Seu sonho é ser modelo.
"Preciso começar a me cuidar",
diz. Detalhe, ela conta que começou a "se cuidar" aos 10 anos.
De acordo com especialistas, as
crianças estão se preocupando cada vez mais cedo com a forma física. "Hoje vemos crianças com 8, 9
anos se preocupando exageradamente com emagrecimento", diz o
endocrinologista Alfredo Halpern,
presidente da Associação Brasileira para Estudos da Obesidade.
O psiquiatra infantil Francisco
Assunção concorda. "Uma modelo hoje começa a trabalhar com 13,
14 anos, as crianças que têm esse
sonho começam a pensar nisso
com 10 anos de idade", diz.
Isso pode trazer problemas sérios no futuro. "Crianças que têm
uma preocupação muito exagerada com o peso podem desenvolver
distúrbios alimentares como a
anorexia e a bulimia", diz Halpern.
Segundo pesquisa divulgada recentemente pela Associação Americana de Pediatria, 69% das estudantes do colegial nos EUA se sentem insatisfeitas com o corpo e
afirmam que são influenciadas pelas imagens das modelos que vêem
nas revistas de moda.
Mariane Del Priolli, 11, também
diz achar que "as mulheres magras
são mais bonitas." "Elas ficam bem
com qualquer roupa."
Para tentar ficar magra, Mariane
prefere os produtos diet e light.
Apesar de não saber quanto pesa e
quantos quilos quer perder, diz
que sempre procura pensar no que
está comendo.
"Quando vou a uma sorveteria,
prefiro os sorvetes diet ou os que
engordam menos, como os de limão", diz.
Não são só as meninas que se
preocupam cada vez mais cedo
com a forma. O assunto também
toma o tempo dos meninos. "A
pressão pelo corpo perfeito atinge
os dois sexos", diz Alfredo Halpern. Segundo ele, os meninos cada vez mais se preocupam em ter
umcorpo másculo.
"Na minha opinião, uma das
causas dessa preocupação é o ideal
físico que é passado pela mídia. E
os pais muitas vezes incentivam isso", diz.
O médico afirma que algumas
academias de ginástica incentivam
adolescentes a tomar hormônios, o
que pode ser muito prejudicial para a saúde da criança.
A arquiteta Denise Arantes conta
que demorou a convencer seu filho
Alexandre, 12, a não tomar compostos alimentares para aumentar
os músculos. "Ele faz judô e musculação e queria de todo jeito tomar os compostos achando que ficaria mais forte."
Denise conta que precisou levar
o filho ao médico para convencê-lo
a desistir. "O médico explicou que
isso poderia atrapalhar seu crescimento", conta. "Acho bom que ele
se preocupe com a saúde, mas não
quero que isso vire uma obsessão
para ele, não acho isso bom."
Segundo Francisco Assunção,
muitas crianças "pegam" a preocupação que as mães têm com o
corpo perfeito. "Muitas mães fazem com que as filhas comprem
esse modelo de beleza", diz.
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