São Paulo, domingo, 30 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Preço varia mais com forração e mudas pequenas

DA REPORTAGEM LOCAL

O paisagismo permite malabarismos contábeis que exigem o acompanhamento atento de especialistas. Por um ou dois metros de diferença no tamanho, a mesma planta pode ter variação de preço de até 90%.
As cerca de 60 espécies diferentes previstas nos projetos licitados pela Emurb seguem a regra de variação de preços. A muda de um metro da quaresmeira, por exemplo, é cotada de R$ 3,50 a R$ 4,50 a unidade na bolsa do Ceasa de Campinas, considerado o mais organizado nesse setor.
Em uma das licitações do projeto Centros de Bairro (nš 6220100), a muda da mesma árvore, com altura mínima exigida de 1,80 metro a 2,5 metros, tem preço unitário fixado em R$ 58,50.
Caso a altura mínima pedida fosse um pouco menor, com o preço de uma quaresmeira da licitação seria possível comprar 13 mudas no Ceasa de Campinas. É possível verificar a bolsa de plantas da instituição na Internet (www.ceasacampinas.com.br).
A licitação prevê a compra de 92 quaresmeiras daquele tamanho, o que gera gasto total de R$ 5.382.
Menos nobres nos projetos, as forrações de canteiro também exibem preço variado e grandes quantidades. É o caso da grama esmeralda. A licitação prevê a compra de 5.721 metros quadrados da espécie, a R$ 5,20 o metro quadrado. Na mesma bolsa do Ceasa Campinas, a grama sai por R$ 1,60, em média, o mē.
"É um mercado ainda muito informal no Brasil", destaca o professor doutor da USP Felisberto Cavalheiro, que já trabalhou na administração municipal de São Paulo de 1967 a 1975. De tempos em tempos, segundo ele, sempre surge um projeto paisagístico.
"Nos anos 70, houve um surto ambientalista na cidade e a prefeitura plantou milhares de manacás-da-serra, típicos daqui. Não havia oferta para tanta planta. As empresas saíram a catar manacás na mata. Morreram todos, porque eram selvagens. "Quase não há mais essa árvore", diz.
O déficit de manacás também preocupou a atual administração. O projeto da Faria Lima prevê a compra de 92 mudas da planta típica paulistana, de 3 m a 4 m de altura, a R$ 92,31 a unidade.
A confusão de preços, alturas e métodos de plantio irritou a oposição. O vereador Gilberto Natalini (PSDB) quis contar as árvores das avenidas. Na semana passada, ele enviou requerimento à prefeitura solicitando informações.


Texto Anterior: Clima de São Paulo é ameaça a espécies
Próximo Texto: Paisagistas criticam projeto da Faria Lima
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.