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JUVENTUDE ENCARCERADA
A instituição, segundo a Justiça do Trabalho, descumpria ordem judicial ao não reintegrá-los
Febem volta atrás e convoca demitidos
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
No dia em que a Justiça do Trabalho determinou à Polícia Federal a abertura de inquérito contra
a presidente da Febem, Berenice
Gianella, para apurar crime de desobediência por descumprimento
de decisão judicial -ela não reintegrou nem colocou em disponibilidade remunerada funcionários demitidos em massa em fevereiro-, a instituição iniciou uma
tentativa de regularizar a situação
dos funcionários.
Ontem, segundo Gianella, a Febem começou a enviar telegramas
convocando os 70 funcionários
mais antigos entre os demitidos.
""A maior parte [dos demitidos]
já fez a rescisão. Então, se quiserem voltar, terão de devolver o dinheiro. A gente está cumprindo a
decisão", disse Gianella.
A Febem demitiu 1.751 servidores para, segundo a instituição,
afastar supostos agressores entre
eles -744 dos afastados tinham
estabilidade por ter mais de três
anos de serviço e poderão ser recontratados. Os demais receberão
dois salários e, depois, poderão
ser dispensados.
Segundo Gianella, cada caso de
demissão terá que ser visto separadamente: há cerca de 40 aposentados que não serão reintegrados, outros 200 não-concursados
-a Febem diz que eles não têm
direito à estabilidade- e 200 que
já fizeram a rescisão contratual.
"O número de funcionários que
serão reintegrados não vai passar
de 400 a 450", diz ela.
Gianella declarou ontem estranhar que o juiz Marcelo Freire
Gonçalves, do Tribunal Regional
do Trabalho, tenha determinado
a abertura do inquérito contra ela.
Isso porque o juiz Rui César Público Correi, da 60ª Vara do Trabalho de São Paulo, é quem cuidava do caso. "O juiz da 60ª Vara
despachou segunda-feira dando
prazo de cinco dias para a Febem
informar como pretende cumprir
a determinação judicial. Então,
estamos dentro do prazo."
O Sitraemfa (sindicato dos funcionários) pediu anteontem a prisão de Gianella por descumprimento de ordem judicial. Um juiz
analisou o pedido e determinou a
abertura de inquérito.
Questionada se conseguiria
cumprir a decisão em cinco dias,
Gianella disse que não seria possível atender todos os funcionários
dentro do prazo fixado.
"Tenho certeza de que o juiz vai
entender a situação", afirmou. Ela
disse que espera que tudo se resolva "logo, logo". "Até para a gente
poder acabar com essa balbúrdia
desnecessária que está sendo feita", afirmou Gianella.
Calúnia
Gianella afirmou ontem que vai
processar a presidente do Sitraemfa, Maria Gusmão Pereira,
por denunciação caluniosa.
Segundo ela, o sindicato escreveu no pedido de prisão que Gianella afirmou que não iria cumprir a decisão judicial. "Vocês
[jornalistas] têm acompanhado o
dia-a-dia da Febem, em nenhum
momento eu dei essa declaração.
Vou processar quem levou o juiz
a erro."
A petição do sindicato diz: "A
perplexidade de todos quanto notícia [sic] têm dos acontecimentos
fica maior quando a atual presidente da empregadora dá entrevistas, fala à grande imprensa, jornais, emissoras de rádio [sic], afirmando que não vai cumprir mesmo sendo ordem judicial".
O diretor de negociação coletiva
do Sitraemfa, Antonio Gilberto da
Silva, diz que o sindicato já respondeu a mais de 30 processos
movidos pela Febem e nunca perdeu. "Isso não vai nos intimidar.
A Justiça está cobrando [medidas] à presidente da Febem. É ela
quem está sendo perseguida pela
polícia agora, não o sindicato",
afirmou.
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