São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2005

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JUVENTUDE ENCARCERADA

A instituição, segundo a Justiça do Trabalho, descumpria ordem judicial ao não reintegrá-los

Febem volta atrás e convoca demitidos

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

No dia em que a Justiça do Trabalho determinou à Polícia Federal a abertura de inquérito contra a presidente da Febem, Berenice Gianella, para apurar crime de desobediência por descumprimento de decisão judicial -ela não reintegrou nem colocou em disponibilidade remunerada funcionários demitidos em massa em fevereiro-, a instituição iniciou uma tentativa de regularizar a situação dos funcionários.
Ontem, segundo Gianella, a Febem começou a enviar telegramas convocando os 70 funcionários mais antigos entre os demitidos.
""A maior parte [dos demitidos] já fez a rescisão. Então, se quiserem voltar, terão de devolver o dinheiro. A gente está cumprindo a decisão", disse Gianella.
A Febem demitiu 1.751 servidores para, segundo a instituição, afastar supostos agressores entre eles -744 dos afastados tinham estabilidade por ter mais de três anos de serviço e poderão ser recontratados. Os demais receberão dois salários e, depois, poderão ser dispensados.
Segundo Gianella, cada caso de demissão terá que ser visto separadamente: há cerca de 40 aposentados que não serão reintegrados, outros 200 não-concursados -a Febem diz que eles não têm direito à estabilidade- e 200 que já fizeram a rescisão contratual. "O número de funcionários que serão reintegrados não vai passar de 400 a 450", diz ela.
Gianella declarou ontem estranhar que o juiz Marcelo Freire Gonçalves, do Tribunal Regional do Trabalho, tenha determinado a abertura do inquérito contra ela.
Isso porque o juiz Rui César Público Correi, da 60ª Vara do Trabalho de São Paulo, é quem cuidava do caso. "O juiz da 60ª Vara despachou segunda-feira dando prazo de cinco dias para a Febem informar como pretende cumprir a determinação judicial. Então, estamos dentro do prazo."
O Sitraemfa (sindicato dos funcionários) pediu anteontem a prisão de Gianella por descumprimento de ordem judicial. Um juiz analisou o pedido e determinou a abertura de inquérito.
Questionada se conseguiria cumprir a decisão em cinco dias, Gianella disse que não seria possível atender todos os funcionários dentro do prazo fixado.
"Tenho certeza de que o juiz vai entender a situação", afirmou. Ela disse que espera que tudo se resolva "logo, logo". "Até para a gente poder acabar com essa balbúrdia desnecessária que está sendo feita", afirmou Gianella.

Calúnia
Gianella afirmou ontem que vai processar a presidente do Sitraemfa, Maria Gusmão Pereira, por denunciação caluniosa.
Segundo ela, o sindicato escreveu no pedido de prisão que Gianella afirmou que não iria cumprir a decisão judicial. "Vocês [jornalistas] têm acompanhado o dia-a-dia da Febem, em nenhum momento eu dei essa declaração. Vou processar quem levou o juiz a erro."
A petição do sindicato diz: "A perplexidade de todos quanto notícia [sic] têm dos acontecimentos fica maior quando a atual presidente da empregadora dá entrevistas, fala à grande imprensa, jornais, emissoras de rádio [sic], afirmando que não vai cumprir mesmo sendo ordem judicial".
O diretor de negociação coletiva do Sitraemfa, Antonio Gilberto da Silva, diz que o sindicato já respondeu a mais de 30 processos movidos pela Febem e nunca perdeu. "Isso não vai nos intimidar. A Justiça está cobrando [medidas] à presidente da Febem. É ela quem está sendo perseguida pela polícia agora, não o sindicato", afirmou.


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