São Paulo, sábado, 30 de junho de 2007

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Santander deixa prédio histórico sem reforma

Ministério Público Estadual notificou banco a tomar providências sobre a deterioração

Sede da agência em São Luiz do Paraitinga (SP) é tombada e fica em uma área considerada de grau máximo de proteção

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Prédio histórico ocupado pelo Santander em São Luiz do Paraitinga, interior de SP, que está em péssimo estado de conservação

CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUIZ DO PARAITINGA

O Santander Banespa, quarto maior banco privado do Brasil, ocupa um prédio histórico em São Luiz do Paraitinga (171 km de SP) que permanece em precário estado de conservação, mesmo após notificação do Ministério Público do Estado.
A lei estadual nš 10.774/01 obriga proprietários de edifícios tombados a preservar o imóvel, sob pena de multa.
A Promotoria reencaminhou anteontem ao Santander ofício pedindo providências após denúncia da população sobre a deterioração do prédio tombado, construído na década de 60 do século 19. A primeira notificação foi feita em março.
"Se não obtiver resposta e a reforma não começar o quanto antes, a representação popular pode se tornar uma ação civil pública", disse a promotora Sandra Rodrigues de Oliveira.
Essa é a única representação contra má conservação de edifícios tramitando no Ministério Público do Estado na cidade.
O imóvel também é tombado pelo Condephaat (órgão estadual de patrimônio) e fica no centro histórico 1 (grau máximo de proteção) do município, tombado em 1982.
A Folha não obteve permissão do banco para visitar o segundo andar da agência, que já funcionou como casa do ex-gerente e hoje está fechado.
Da varanda da casa vizinha, contudo, é possível ver três sinais de abandono: um grande buraco que expõe a parede de taipa de pilão e pau-a-pique, extensas rachaduras entre as janelas e o condutor de água (calha) dependurado.

Vizinhança
A maioria das 433 famílias que ocupam prédios tombados em São Luiz destina parte do orçamento familiar para obras nos casarões do século 19.
"O luizense tem consciência de que para preservar tem que gastar", disse o aposentado Dirceu Ivo, 71, proprietário desde 1973 do casarão vizinho ao Santander e que já passou por cinco grandes reformas.
"Temos que guardar dinheiro para preservar, senão a casa tombada acaba tombando mesmo", disse a aposentada Maria Aparecida de Sousa, 55, que nasceu em uma casa de 1838.

Prefeitura
Em 2003, o Ministério Público acionou a empresa Telefônica por causa da má conservação de um prédio do século 19 na cidade. Em 2004, a empresa cedeu o prédio à prefeitura por meio de um contrato de comodato de dez anos.
Pelo contrato, a administração municipal estava ciente da necessidade de restauração.
A reportagem foi até o prédio e nenhum tipo de reforma foi feita. De acordo com o historiador Marcelo Toledo, um dos autores da representação contra o Santander, os dois prédios da prefeitura e o do banco são os que estão em pior estado de conservação na cidade.


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