São Paulo, sábado, 30 de junho de 2007

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Placas criam armadilhas nas ruas de SP

Parte da sinalização está errada, escondida ou ausente e acaba desorientando motoristas; CET vai avaliar problemas

Piores casos estão na zona sul; no Campo Belo, placa leva para o lugar errado e, no centro, faltam indicações para a praça João Mendes

RAFAEL TARGINO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quem está na av. dos Bandeirantes (zona sul) no sentido aeroporto e se guia pelas placas para chegar à Ver. José Diniz pode acabar na marginal Pinheiros, no lado oposto ao destino. Essa é apenas uma das 13 armadilhas encontradas pela Folha nas ruas de São Paulo.
De 6 a 20 de junho, a reportagem andou cerca de 700 km na cidade e constatou: existem placas que mais atrapalham do que ajudam. Há sinalizações tortas, amassadas, de cabeça para baixo e até aquelas que levam ao lugar errado (veja mapas ao lado). A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) disse que vai avaliar os casos apontados pela reportagem.
Mesmo no centro, é possível se perder com a sinalização. A psicóloga Nair Falcão, 44, já se perdeu na região. "Eu sabia que a praça João Mendes era caminho para [o bairro da] Liberdade. Não achei nenhuma placa que me indicasse onde ficava. Fiquei dando volta até perguntar para taxistas", afirma. Os engenheiros de tráfego contam com isso: que o motorista pergunte ou consulte mapas.
Nem rotas recomendadas pelo site da CET são bem sinalizadas. Em uma delas, o motorista que vem de fora precisa saber qual pista é a expressa e qual é a local na marginal Tietê -informação que não existe. Em 2005, a reportagem da Folha já havia constatado isso. Na época, o órgão disse que iria implantar uma sinalização especial na via. Só o projeto piloto foi iniciado e não há verbas para completá-lo.
A CET também ia começar neste ano os estudos para trocar todas as placas de orientação -operação que levaria cerca de três anos. No entanto, outras prioridades estão na fila, e também não há mais dinheiro. O início foi adiado para 2008. Para o engenheiro Francisco Moreno Neto, ex-gerente de Planejamento e de Engenharia de Tráfego da CET entre 1976 e 83, um dos problemas é que a sinalização não acompanhou o crescimento de São Paulo.
As placas ainda sofrem com a falta de conservação. Elas duram em torno de cinco anos, passando por uma lavagem anual -que, às vezes, não acontece. Colisões de veículos e roubos também são comuns. Por ano, cerca de mil são trocadas. Cada uma custa, em média, R$ 3 mil. Estima-se que há 20 mil sinalizações de orientação em São Paulo. A CET não soube dizer nem quantas placas são roubadas por ano, nem quantas faltam em São Paulo. Moreno calcula que são necessárias 15 mil, ao custo de R$ 25 milhões.


RAFAEL TARGINO participou do 43º Programa de Treinamento em Jornalismo Diário da Folha, que foi patrocinado pela Philip Morris Brasil e pela Odebrecht

NA INTERNET - Veja 13 armadilhas da cidade e como escapar delas http://www.folha.com.br/071804


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