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Placas criam armadilhas nas ruas de SP
Parte da sinalização está errada, escondida ou ausente e acaba desorientando motoristas; CET vai avaliar problemas
Piores casos estão na zona sul; no Campo Belo, placa leva para o lugar errado e, no centro, faltam indicações para a praça João Mendes
RAFAEL TARGINO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quem está na av. dos Bandeirantes (zona sul) no sentido aeroporto e se guia pelas placas
para chegar à Ver. José Diniz
pode acabar na marginal Pinheiros, no lado oposto ao destino. Essa é apenas uma das 13
armadilhas encontradas pela
Folha nas ruas de São Paulo.
De 6 a 20 de junho, a reportagem andou cerca de 700 km na
cidade e constatou: existem
placas que mais atrapalham do
que ajudam. Há sinalizações
tortas, amassadas, de cabeça
para baixo e até aquelas que levam ao lugar errado (veja mapas ao lado). A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego)
disse que vai avaliar os casos
apontados pela reportagem.
Mesmo no centro, é possível
se perder com a sinalização. A
psicóloga Nair Falcão, 44, já se
perdeu na região. "Eu sabia que
a praça João Mendes era caminho para [o bairro da] Liberdade. Não achei nenhuma placa
que me indicasse onde ficava.
Fiquei dando volta até perguntar para taxistas", afirma. Os
engenheiros de tráfego contam
com isso: que o motorista pergunte ou consulte mapas.
Nem rotas recomendadas
pelo site da CET são bem sinalizadas. Em uma delas, o motorista que vem de fora precisa
saber qual pista é a expressa e
qual é a local na marginal Tietê
-informação que não existe.
Em 2005, a reportagem da Folha já havia constatado isso.
Na época, o órgão disse que
iria implantar uma sinalização
especial na via. Só o projeto piloto foi iniciado e não há verbas
para completá-lo.
A CET também ia começar
neste ano os estudos para trocar todas as placas de orientação -operação que levaria cerca de três anos. No entanto, outras prioridades estão na fila, e
também não há mais dinheiro.
O início foi adiado para 2008.
Para o engenheiro Francisco
Moreno Neto, ex-gerente de
Planejamento e de Engenharia
de Tráfego da CET entre 1976 e
83, um dos problemas é que a
sinalização não acompanhou o
crescimento de São Paulo.
As placas ainda sofrem com a
falta de conservação. Elas duram em torno de cinco anos,
passando por uma lavagem
anual -que, às vezes, não acontece. Colisões de veículos e roubos também são comuns. Por
ano, cerca de mil são trocadas.
Cada uma custa, em média,
R$ 3 mil. Estima-se que há 20
mil sinalizações de orientação
em São Paulo. A CET não soube
dizer nem quantas placas são
roubadas por ano, nem quantas
faltam em São Paulo.
Moreno calcula que são necessárias 15 mil, ao custo de R$
25 milhões.
RAFAEL TARGINO participou do 43º Programa
de Treinamento em Jornalismo Diário da Folha,
que foi patrocinado pela Philip Morris Brasil e
pela Odebrecht
NA INTERNET - Veja 13 armadilhas
da cidade e como escapar delas
http://www.folha.com.br/071804
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