São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2008

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ARAMINTA DE AZEVEDO MERCADANTE (1936-2008)

Brinde à dama do direito internacional

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Como "em Paris se sentia em casa", naquela tarde fria de dezembro, com o amigo e contra a ordem do médico, Araminta Mercadante pediu uma garrafa de champanhe. De todos os almoços no Le Procope, aquele devia ser especial. "Ficou claro, então, que era uma despedida."
Dava adeus ao amigo e à cidade que conhecia dos tempos em que se especializou em direito internacional na Europa. Assim a advogada de Jacareí (SP), crescida no Vale do Paraíba, ganhou o mundo com bolsas de estudo. Vinha daí a autonomia para discutir sobre integração regional no Mercosul e os acordos comerciais. "Foi uma das primeiras pessoas no Brasil a falar de União Européia." Prestou consultoria em arbitragem comercial para o governo. Era "a maior especialista em OMC do país".
Lecionou na UnB e então na USP, onde se aposentou em 2006, por idade. Pós-doutora em direito internacional, dava aulas em faculdades privadas -não podia deixar de lecionar. "Mas uma coisa que a tirava do sério era a burrice com convicção."
Ex-militante de esquerda, estava "na primeira fila" das passeatas de maio de 1968. Mas "era discretíssima, para quem tinha um coração revolucionário". Vestida com um de seus tailleurs pretos e um colar de pérolas, cabia em sua "imagem de professora de direito". Solteira e sem filhos, morreu sábado, dia 21, de câncer, aos 71. Deixou no prelo outro entre tantos livros-referência na área.

obituario@folhasp.com.br

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