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Ferido durante manifestação por salários é considerado morto em serviço e recebe honras
2.000 vão ao enterro de cabo em MG
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
em Belo Horizonte
Cerca de 2.000 pessoas, na
maioria PMs, participaram ontem do enterro do cabo Valério
dos Santos Oliveira, 36, morto
após ser atingido por um tiro durante uma manifestação de policiais, na terça-feira passada.
O cálculo foi feito pelo major
da PM José Sebastião Aguilar,
que organizou o enterro. Ele estimou em 3.000 o número pessoas
que compareceram ao velório.
Oliveira foi enterrado com
honras militares, concedidas geralmente aos militares que morrem em serviço, apesar de ele estar de folga no dia e ter participado de uma manifestação que não
tinha sido autorizada pelo comando da PM.
A família concordou com o toque de silêncio e com a colocação
da bandeira nacional no caixão,
mas pediu que os tiros de fuzis
não fossem disparados.
A mulher de Oliveira, Carmem, receberá um aumento na
pensão porque a morte foi considerada como tendo ocorrido em
serviço. Ele tinha dois filhos, Felipe, de 9, e Danilo, de 6.
O enterro aconteceu no cemitério Parque da Colina, onde
também foi realizado o velório,
evitando-se que o cortejo fúnebre passasse pelas ruas.
Os presentes cantaram hinos
evangélicos e rezaram. O pastor
Marcos Goulart, da igreja evangélica que era frequentada pelo
cabo, pediu aos policiais que
perdoassem aos assassinos.
"A família quer perdoar quem
deu o tiro. Ouvi falar que os policiais estão revoltados com a
morte de Valério, mas é preciso
que não haja nenhuma intenção
de vingança", disse o pastor.
O irmão do cabo, Wagner Oliveira, 24, disse que a família perdoa o assassino, mas vai acompanhar o inquérito para puni-lo.
Outra irmã, Valéria, desmaiou
durante o enterro e foi atendida
por uma ambulância da PM.
Os líderes dos soldados, cabos,
sargentos e subtenentes, que se
rebelaram durante quatro dias
por melhores salários, decidiram
não realizar manifestações.
Os soldados do Batalhão de
Choque, colegas do militar morto, foram liberados do serviço
para ir ao velório. O governador
de Minas, Eduardo Azeredo
(PSDB), foi representado pelo
secretário estadual da saúde, José Rafael Guerra.
Uma nota oficial do governador pede que "os acontecimentos que o vitimaram jamais se repitam em Minas Gerais".
O crime está sendo apurado
por um IPM (Inquérito Policial
Militar), e o principal suspeito é
o soldado Wedson Gomes Campos. Campos disse que somente
deu um tiro para o alto.
A morte de Oliveira foi anunciada às 17h10 de anteontem.
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