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Mulheres contam como é ser mãe depois dos 50 anos
Gestação acima dessa idade é conseguida com o auxílio da fertilização in vitro
Medida não é consenso na classe médica, já que cresce o risco de surgirem doenças que afetem grávida e feto; mulheres realizam sonhos
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
"Que lindo! É seu neto?" A
pergunta que irrita a bancária
aposentada Cleide, 55, mãe de
Matheus, 3, é parte do cotidiano de um número cada vez
maior de mulheres que engravidam após os 50 anos, já na
menopausa. Algumas, às vésperas de chegar à terceira idade.
Nessa fase, a gravidez é possível graças à doação de óvulos de
mulheres mais jovens, que são
fertilizados no laboratório com
os espermatozóides do marido
da mulher mais velha, que vai
gerar o bebê. As mulheres, com
isso, buscam realizar seus sonhos e os de seus maridos.
No Brasil, ao menos 60 "cinqüentonas" foram mães assim,
segundo levantamento da Folha em clínicas de reprodução.
A mais idosa, uma baiana, teve
o primeiro filho aos 58 anos.
Não há estatísticas sobre o
percentual de mães nessa faixa
etária porque elas se somam às
gestações acima de 40. Mas, segundo o Ministério da Saúde,
subiu a proporção de nascimentos em mães quarentonas
ou mais. Em 1996, a incidência
era de 1,75% de nascidos vivos e
passou, em 2002, para 1,95%.
Em alguns países da Europa
e nos EUA, a recomendação é
que a gravidez com reprodução
assistida seja restrita às mulheres até 50 anos devido ao aumento de riscos à saúde da mãe
e do bebê. No Brasil, onde não
existe limite de idade, não há
consenso na classe médica.
O ginecologista Eduardo
Motta, professor da Unifesp
(Universidade Federal de São
Paulo) e um dos diretores da
clínica Huntington, é contra.
"Mesmo que na ovodoação o limite possa ser superado, do lado materno cresce a incidência
de doenças." Para ele, fertilizações in vitro acima de 50 anos
desvirtuam a reprodução assistida. "Hoje, desde que haja alguém disposto a pagar e médico
louco a fazer, não há limite."
Já o médico Roger Abdelmassih considera 55 anos uma
"idade limite viável". "Há mulheres muito inteiras nessa faixa", diz ele, que permitiu a gravidez mais avançada, aos 58.
"Só fiz porque a mulher insistiu
e me apresentou pareceres
atestando sua ótima saúde."
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