|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRAGÉDIA EM CONGONHAS/EFEITO COLATERAL
Sob pressão, aeroviários reclamam de estresse
Em cartas enviadas a sindicato, trabalhadores denunciam piora das condições de trabalho
Funcionários de empresas aéreas fazem queixas sobre acúmulo de tarefas, medo e até falta de peças para manutenção de aeronaves
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de dez meses de crise,
os funcionários dos aeroportos
dão sinais de que os efeitos do
caos aéreo atingem qualidade
de vida, segurança e disposição
para continuar no emprego.
O Sindicato Nacional dos Aeroviários foi ao Ministério Público do Trabalho para que se
investigue a situação de quem
trabalha em balcões de atendimento, check-in e manutenção.
Segundo Selma Balbino, presidente do sindicato, já foram
registradas 43 denúncias, entre
telefonemas e cartas à entidade. A Folha teve acesso a cartas
enviadas ao sindicato com reclamações de funcionários da
TAM e da Gol. Os nomes foram
omitidos. Todas elas foram encaminhadas antes do acidente
da TAM, no dia 17 de julho, que
piorou a situação.
Em uma das cartas, um funcionário relata que pediu socorro a um segurança do aeroporto porque um passageiro
ameaçava agredir alguém. A
resposta foi ""Ah, chama a Polícia Civil". Isso foi muito pior do
que ser agredido", contou.
Outro funcionário escreve
que saiu do trabalho "com vontade de chorar" por ter sido
ameaçado por um passageiro e
ter de enfrentá-lo após o rapaz
pular o balcão da companhia.
Um funcionário da manutenção se queixa do acúmulo
de tarefas e da falta de peças.
Segundo ele, faltam materiais,
o que obriga a TAM a usar peças de outras aeronaves para
reposição. "Já trabalhei na
Vasp e na Transbrasil e nenhuma delas despreza tanto a manutenção quanto a TAM."
A sobrecarga de trabalho é a
principal queixa. Muitos funcionários decidiram abandonar
o trabalho após o início do caos
aéreo. "Os trabalhadores saem
em razão da omissão das empresas em relação às agressões,
por causa desse jogo de colocar
o trabalhador do aeroporto para segurar toda a barra, enquanto a direção continua
tranqüila", diz Balbino.
Texto Anterior: Presidente da Anac vai a Lula reclamar de atrito com Dilma Próximo Texto: TAM diz que aumentou seu quadro em 82% Índice
|