São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 2000


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EDUCAÇÃO
Segundo reitoria, as áreas externas da Cidade Universitária vão ser filmadas para combater ações de violência
USP espalha câmeras de TV em campus

ESTANISLAU MARIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A reitoria da USP vai instalar câmeras de TV em todo o campus da Cidade Universitária, em São Paulo, para combater a violência na universidade.
Pelo projeto, todas as áreas externas da universidade -por onde passam diariamente cerca de 80 mil pessoas- serão filmadas 24 horas por dia e gravadas em fitas de 160 horas.
Segundo o diretor de Operações de Segurança da USP, Ronaldo Elias Pena, 30, sete quilômetros de fibras óticas já estão sendo instalados. Duas câmeras começam a funcionar dentro de 30 dias.
Até o início das aulas de 2001, todas as entradas da USP estarão vigiadas com a instalação de dez câmeras nas portarias de carros e de pedestres. Para a segunda fase do plano de segurança, até o final do próximo ano, está prevista a instalação de mais 40 câmeras nas ruas, estacionamentos e áreas externas de faculdades e institutos, cobrindo todo o campus.
"Queremos reduzir furtos, assaltos e agressões", disse Pena.
De janeiro a julho deste ano, foram registradas 531 ocorrências na USP, contra 482 no mesmo período do ano passado.
O maior aumento ocorreu nos furtos (sem ameaça ou violência ao dono) de carros: 122 carros foram roubados neste ano; foram 82 de janeiro a agosto de 1999. Os roubos em geral (com ameaça ou violência contra a vítima) subiram de oito casos, de janeiro a agosto de 1999, para 25 neste ano. Em toda a cidade de São Paulo, foram 62.954 furtos e roubos de carro neste ano.
Segundo a universidade, o investimento na primeira fase será de R$ 200 mil. O valor para a segunda fase não foi divulgado.
Atualmente, a segurança da USP é feita por 65 agentes contratados que circulam pelo campus, mais cerca de 500 vigias para os mais de 30 institutos, faculdades e museus, e 118 guardas terceirizados, que cuidam basicamente dos estacionamentos. O diretor da segurança disse que cinco policiais militares também fazem a ronda.
Com as câmeras, funcionários escolhidos entre os agentes da USP vão se revezar em um centro de controle com monitores de vídeo. "Qualquer anormalidade, os guardas serão avisados. Se houver crime, prenderemos a pessoa e entregaremos à PM", disse Pena.
De acordo com o diretor, o uso das câmeras terá uma abrangência maior, monitorando também o trânsito na universidade e atividades ilícitas dos alunos, como o consumo de drogas.
"Vamos combater o consumo e o tráfico. Quem for flagrado consumindo vai para um programa de recuperação; quem estiver vendendo será enquadrado como traficante", afirmou.
O uso dos estacionamentos como "drive-in" também será combatido. "A ordem é desligar a gravação se for flagrado um casal fazendo sexo, mas a guarda será acionada para pedir que eles se retirem. Se houver recusa, também poderão ser presos."
O professor titular de direito constitucional da USP Manoel Gonçalves Ferreira Filho, 66, e o pesquisador do NEV (Núcleo de Estudos da Violência) da universidade Luís Antônio Souza, 37, afirmaram que a utilização de câmeras é legal e não viola o direito à privacidade. "A vida íntima não ocorre em locais públicos, onde estarão as câmeras", disse o professor Ferreira Filho.
"Sem uma política ampla de prevenção, é difícil prever sucesso a longo prazo. Mas a fiscalização de espaço público é constitucional", afirmou Souza.


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