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EDUCAÇÃO
Segundo reitoria, as áreas externas da Cidade Universitária vão ser filmadas para combater ações de violência
USP espalha câmeras de TV em campus
ESTANISLAU MARIA
DA REPORTAGEM LOCAL
A reitoria da USP vai instalar
câmeras de TV em todo o campus
da Cidade Universitária, em São
Paulo, para combater a violência
na universidade.
Pelo projeto, todas as áreas externas da universidade -por onde passam diariamente cerca de
80 mil pessoas- serão filmadas
24 horas por dia e gravadas em fitas de 160 horas.
Segundo o diretor de Operações
de Segurança da USP, Ronaldo
Elias Pena, 30, sete quilômetros de
fibras óticas já estão sendo instalados. Duas câmeras começam a
funcionar dentro de 30 dias.
Até o início das aulas de 2001,
todas as entradas da USP estarão
vigiadas com a instalação de dez
câmeras nas portarias de carros e
de pedestres. Para a segunda fase
do plano de segurança, até o final
do próximo ano, está prevista a
instalação de mais 40 câmeras nas
ruas, estacionamentos e áreas externas de faculdades e institutos,
cobrindo todo o campus.
"Queremos reduzir furtos, assaltos e agressões", disse Pena.
De janeiro a julho deste ano, foram registradas 531 ocorrências
na USP, contra 482 no mesmo período do ano passado.
O maior aumento ocorreu nos
furtos (sem ameaça ou violência
ao dono) de carros: 122 carros foram roubados neste ano; foram
82 de janeiro a agosto de 1999. Os
roubos em geral (com ameaça ou
violência contra a vítima) subiram de oito casos, de janeiro a
agosto de 1999, para 25 neste ano.
Em toda a cidade de São Paulo, foram 62.954 furtos e roubos de carro neste ano.
Segundo a universidade, o investimento na primeira fase será
de R$ 200 mil. O valor para a segunda fase não foi divulgado.
Atualmente, a segurança da
USP é feita por 65 agentes contratados que circulam pelo campus,
mais cerca de 500 vigias para os
mais de 30 institutos, faculdades e
museus, e 118 guardas terceirizados, que cuidam basicamente dos
estacionamentos. O diretor da segurança disse que cinco policiais
militares também fazem a ronda.
Com as câmeras, funcionários
escolhidos entre os agentes da
USP vão se revezar em um centro
de controle com monitores de vídeo. "Qualquer anormalidade, os
guardas serão avisados. Se houver
crime, prenderemos a pessoa e
entregaremos à PM", disse Pena.
De acordo com o diretor, o uso
das câmeras terá uma abrangência maior, monitorando também
o trânsito na universidade e atividades ilícitas dos alunos, como o
consumo de drogas.
"Vamos combater o consumo e
o tráfico. Quem for flagrado consumindo vai para um programa
de recuperação; quem estiver
vendendo será enquadrado como
traficante", afirmou.
O uso dos estacionamentos como "drive-in" também será combatido. "A ordem é desligar a gravação se for flagrado um casal fazendo sexo, mas a guarda será
acionada para pedir que eles se retirem. Se houver recusa, também
poderão ser presos."
O professor titular de direito
constitucional da USP Manoel
Gonçalves Ferreira Filho, 66, e o
pesquisador do NEV (Núcleo de
Estudos da Violência) da universidade Luís Antônio Souza, 37,
afirmaram que a utilização de câmeras é legal e não viola o direito à
privacidade. "A vida íntima não
ocorre em locais públicos, onde
estarão as câmeras", disse o professor Ferreira Filho.
"Sem uma política ampla de
prevenção, é difícil prever sucesso
a longo prazo. Mas a fiscalização
de espaço público é constitucional", afirmou Souza.
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