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CAMINHO DA POLUIÇÃO
Governo procurará iniciativa privada para fazer passagem ao lado do rio Pinheiros e passeio para pedestres
Ciclovia na marginal custará R$ 11,2 milhões
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A ciclovia que a administração
Geraldo Alckmin (PSDB) pretende construir na marginal Pinheiros terá um custo total estimado
em R$ 11,2 milhões.
De acordo com a Secretaria de
Energia, Recursos Hídricos e Saneamento, o Estado irá procurar a
iniciativa privada para pagar uma
parte das despesas. Caso essa possibilidade não se concretize, no
entanto, os custos sairão exclusivamente dos cofres públicos.
Com uma extensão prevista de
14,5 quilômetros -conectará a
usina elevatória de Traição, no
acesso à avenida dos Bandeirantes, ao autódromo de Interlagos-, a ciclovia também terá um
passeio para os pedestres ao longo
do percurso pela zona sul.
A construção ficará no espaço
entre as pistas da marginal e o leito do rio. De acordo com o secretário de Recursos Hídricos, Mauro Arce, "a determinação do governador [Alckmin] é que esteja
pronta até janeiro". Segundo Arce, uma segunda fase da construção, ainda sem prazo e projeto definidos, deverá ligar a usina de
Traição ao parque Villa-Lobos
-acompanhando grande parte
do rio Pinheiros.
Entre os pontos previstos no
projeto estão a construção de cinco bases de apoio para os ciclistas,
que contarão com bicicletários,
sanitários e unidades da Polícia
Militar. Nas reuniões de discussão
sobre o projeto, representantes da
Secretaria da Segurança Pública
demonstraram preocupação com
a possibilidade de haver tráfico e
uso de drogas nas pistas da ciclovia. Uma ponte metálica precisará
ser feita para a travessia do canal
da represa de Guarapiranga.
Melhor do que nada
Apesar de reconhecerem o desconforto e os problemas de se
exercitarem ao lado do intenso
tráfego de veículos da marginal e
do mau cheiro do rio Pinheiros,
eventuais usuários da prometida
ciclovia ouvidos pela reportagem
consideraram positiva a instalação do percurso para bicicletas.
De acordo com Paulo Saldiva,
pesquisador do Laboratório de
Poluição Atmosférica da USP
(Universidade de São Paulo),
quem faz exercícios em um ambiente como esse respira aproximadamente 10% a mais de poluição do que quem não faz.
Segundo o pesquisador, porém,
a "prática regular do esporte"
compensa esse malefício. Para
Saldiva, "o ideal seria que se fizesse [a ciclovia] em uma região mais
limpa" da capital.
Marcos Mazzaron, presidente
da Federação Paulista de Ciclismo, afirmou que o projeto "é melhor do que nada". "Não é o ideal,
porque fica ao lado de um esgoto,
um canal a céu aberto, e da marginal. Mas quando se fala em ciclovia, mesmo em um lugar como
esse, nós vamos apoiar", afirmou.
Opinião semelhante tem o triatleta Roberto Nitrini, que costuma praticar ciclismo na USP. "Para quem não tem nada, qualquer
coisa é bom. Poderia ser em um
lugar mais agradável, mas, diante
do que existe hoje, estaria de bom
tamanho", afirmou.
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