São Paulo, terça-feira, 30 de agosto de 2005

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CAMINHO DA POLUIÇÃO

Governo procurará iniciativa privada para fazer passagem ao lado do rio Pinheiros e passeio para pedestres

Ciclovia na marginal custará R$ 11,2 milhões

VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A ciclovia que a administração Geraldo Alckmin (PSDB) pretende construir na marginal Pinheiros terá um custo total estimado em R$ 11,2 milhões.
De acordo com a Secretaria de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento, o Estado irá procurar a iniciativa privada para pagar uma parte das despesas. Caso essa possibilidade não se concretize, no entanto, os custos sairão exclusivamente dos cofres públicos.
Com uma extensão prevista de 14,5 quilômetros -conectará a usina elevatória de Traição, no acesso à avenida dos Bandeirantes, ao autódromo de Interlagos-, a ciclovia também terá um passeio para os pedestres ao longo do percurso pela zona sul.
A construção ficará no espaço entre as pistas da marginal e o leito do rio. De acordo com o secretário de Recursos Hídricos, Mauro Arce, "a determinação do governador [Alckmin] é que esteja pronta até janeiro". Segundo Arce, uma segunda fase da construção, ainda sem prazo e projeto definidos, deverá ligar a usina de Traição ao parque Villa-Lobos -acompanhando grande parte do rio Pinheiros.
Entre os pontos previstos no projeto estão a construção de cinco bases de apoio para os ciclistas, que contarão com bicicletários, sanitários e unidades da Polícia Militar. Nas reuniões de discussão sobre o projeto, representantes da Secretaria da Segurança Pública demonstraram preocupação com a possibilidade de haver tráfico e uso de drogas nas pistas da ciclovia. Uma ponte metálica precisará ser feita para a travessia do canal da represa de Guarapiranga.

Melhor do que nada
Apesar de reconhecerem o desconforto e os problemas de se exercitarem ao lado do intenso tráfego de veículos da marginal e do mau cheiro do rio Pinheiros, eventuais usuários da prometida ciclovia ouvidos pela reportagem consideraram positiva a instalação do percurso para bicicletas.
De acordo com Paulo Saldiva, pesquisador do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP (Universidade de São Paulo), quem faz exercícios em um ambiente como esse respira aproximadamente 10% a mais de poluição do que quem não faz.
Segundo o pesquisador, porém, a "prática regular do esporte" compensa esse malefício. Para Saldiva, "o ideal seria que se fizesse [a ciclovia] em uma região mais limpa" da capital.
Marcos Mazzaron, presidente da Federação Paulista de Ciclismo, afirmou que o projeto "é melhor do que nada". "Não é o ideal, porque fica ao lado de um esgoto, um canal a céu aberto, e da marginal. Mas quando se fala em ciclovia, mesmo em um lugar como esse, nós vamos apoiar", afirmou.
Opinião semelhante tem o triatleta Roberto Nitrini, que costuma praticar ciclismo na USP. "Para quem não tem nada, qualquer coisa é bom. Poderia ser em um lugar mais agradável, mas, diante do que existe hoje, estaria de bom tamanho", afirmou.


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