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Estoque de preservativo feminino
do Ministério da Saúde está zerado
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O estoque de preservativos femininos do Ministério da Saúde
está zerado, segundo informou
ontem o Programa Nacional de
DST/Aids da pasta.
O preservativo feminino é o
único recurso que permite à mulher ter autonomia na prevenção
às doenças sexualmente transmissíveis. Na semana passada, a
área confirmou problemas com
os preservativos masculinos
-apenas 10% do total de 700 milhões de unidades prometidas para este ano tinham sido entregues.
As mulheres também têm enfrentado dificuldades para comprar o produto nas farmácias, segundo informou o próprio distribuidor das camisinhas no país, a
DKT do Brasil.
No ano passado, uma pesquisa
do programa com 6.000 pessoas
sexualmente ativas entre 15 e 54
anos de idade apontou que 81,2%
já tinham ouvido falar do preservativo feminino e que 4,1% dos
homens e 4,3% das mulheres já tinham utilizado o produto nas relações sexuais.
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde,
até hoje o contrato para fornecer 4
milhões de preservativos femininos neste ano não tinha sido assinado. De acordo com a área, o
processo estava parado em razão
de problemas burocráticos e jurídicos que passaram a ser tratados
quando o ministro da Saúde, Saraiva Felipe, assumiu o cargo, há
pouco mais de um mês.
O produto é confeccionado apenas por uma empresa no mundo,
com sede na Inglaterra. Para fechar o contrato, faltavam, por
exemplo, a tradução para o inglês
e declaração do Banco Mundial,
que financia a compra de US$ 2,8
milhões, informou ainda a assessoria da pasta.
O novo contrato só deve ser assinado em 15 dias e a primeira entrega ocorrerá em 60 dias após a
oficialização do termo.
"Estamos com um problema sério em geral com os preservativos.
Da camisinha feminina, nem se
fala", afirma Beatriz Pacheco,
coordenadora no Rio Grande do
Sul da ONG Cidadã Positiva, de
apoio a portadoras do HIV.
Pacheco destaca que a camisinha é também importante para a
proteção de mulheres que têm relações com homens da terceira
idade com problemas de ereção.
"Eles não conseguem usar o preservativo masculino", diz.
"É necessária a disponibilidade
para que as mulheres se acostumem e possam desenvolver autonomia na prevenção", afirma Silvia Almeida, 41, que coordena um
grupo de mulheres do GIV (Grupo de Incentivo à Vida).
C., portadora do vírus da Aids,
relata que não tem encontrado a
camisinha nem em farmácias. Ela
já esteve em mais de três estabelecimentos nas últimas semanas. O
produto chega a custar R$ 17, por
duas unidades, diz Pacheco.
O serviço telefônico 0800 da importadora da camisinha, a DKT
do Brasil, informa que há problemas na alfândega e que o produto
deve chegar nesta semana.
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