São Paulo, terça-feira, 30 de agosto de 2005

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MASSACRE NA BAIXADA

Pessoa chamada para defender acusados diz ter visto 4 policiais em lava-rápido onde 2 foram assassinados

Testemunha de defesa agrava situação de PM

DA SUCURSAL DO RIO

Convocada a depor a favor dos policiais militares acusados de promover o assassinato de 29 pessoas na Baixada Fluminense, no dia 31 de março deste ano, uma testemunha confirmou ontem que viu pelo menos quatro deles deixando, momentos depois do crime, um dos locais onde ocorreram assassinatos.
A testemunha -cujo nome está sendo mantido sob sigilo- afirmou que viu os policiais militares Marcos Siqueira Costa, José Augusto Moreira Felipe, Júlio César Amaral de Paula e Carlos Jorge Carvalho saindo de um lava-rápido no município de Queimados depois dos disparos de armas de fogo que mataram Francisco José Silva Neto, de 34 anos, e Marco Aurélio Alves, 37.
O depoimento foi prestado na Vara Criminal de Queimados para o juiz Marcos Augusto Ramos Peixoto.
De acordo com a testemunha, o carro utilizado pelos policiais para deixar o local foi um Gol prata, que era dirigido por Marcos Siqueira. Nesse veículo foram encontrados vestígios de sangue que, pelo exame de DNA, eram de Francisco e Marco Aurélio -os dois mortos no lava-rápido.
Ainda de acordo com a testemunha, Siqueira não deixou o veículo, mas a pessoa afirma ter visto José Augusto e Carlos Jorge com os rostos descobertos e Amaral com uma máscara igual à usada no filme "Pânico" entrando no carro depois dos homicídios.
A testemunha disse que, mesmo com a máscara, pôde reconhecer Amaral em razão do porte físico, da roupa e do sapato.

Disparos
A testemunha disse que chegou ao local das mortes às 20h53 e estacionou na parte de baixo do lava-rápido. Ouviu diversos disparos de arma de fogo.
Saiu correndo, pulou um muro e se escondeu do outro lado da rua. Ressaltou que, quando ouviu o último disparo, colocou o rosto atrás de um portão e viu os policiais militares.
A testemunha também disse que viu um carro da Polícia Militar, um Gol, passar pelo local, com as luzes ligadas porém sem sirene -e sem parar no momento dos disparos.
O veículo seguiu até um viaduto próximo e um de seus integrantes atirou duas vezes.
"Era como um sinal que estivessem dando para os outros", disse a testemunha.

Ameaças
A pessoa afirmou também que a mãe de um dos réus esteve em sua casa, no mês passado, dizendo a sua mulher que ele deveria tomar cuidado com o que diria em juízo.
Em 31 de março deste ano, 29 pessoas foram assassinadas nos municípios de Queimados e Nova Iguaçu.
Inquérito da Polícia Federal indiciou nove policiais militares por homicídio doloso, co-autoria, tentativa de homicídio e formação de quadrilha.


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