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Doença que causa cegueira atinge 30% dos prematuros
A retinopatia afeta bebês nascidos com menos de 1.500 gramas ou de 32 semanas
Dos que têm a enfermidade, 5% ficam cegos; médica alerta para a necessidade de realizar o exame de fundo de olho no 1º mês de vida
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase um terço dos bebês
prematuros sofre de retinopatia da prematuridade, doença
que pode levar à cegueira crianças nascidas com peso inferior
a 1.500 gramas ou antes de 32
semanas de gestação. Só no Estado de São Paulo, são quase
mil casos novos todos os meses.
É o que mostra uma pesquisa
da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) com 4.000
bebês prematuros atendidos
no Hospital São Paulo, que
apontou uma incidência de
30% da retinopatia da prematuridade, a segunda maior causa de cegueira infantil, perdendo apenas para as infecções.
Nos prematuros, os vasos
sangüíneos da retina -parte do
sistema nervoso central- são
muito imaturos. Fora do útero
materno, começam a se desenvolver de maneira anormal
causando hemorragias e descolamento da retina, que leva à
cegueira.
No Brasil, os médicos têm detectado um aumento da doença
-ainda sem números conclusivos- em razão do maior índice
de sobrevivência de prematuros nas UTIs neonatais. Embora na maioria dos casos a doença não evolua para a cegueira, é
fundamental que o bebê faça o
exame de fundo de olho no primeiro mês de vida.
Porém, a falha de encaminhamento precoce pelos pediatras e a falta de preparo de muitos oftalmologistas para fazer o
diagnóstico e o tratamento corretos têm sido responsáveis pela grande quantidade de crianças cegas no país em razão dessa doença, segundo a médica
Nilva Moraes, que elaborou a
pesquisa e coordena o ambulatório da retina do Instituto da
Visão, ligado à Unifesp.
Diagnóstico precoce
Dos bebês que têm retinopatia, 5% acabam ficando cegos.
Com diagnóstico e tratamento
precoces, somente 0,5% dos
bebês sofrem as seqüelas da
doença. A partir do segundo
mês, a chance de deslocamento
total da retina sobe para 15%.
"Quanto mais prematuros,
maior é a chance de ter a doença. E quanto mais tarde for feito
o diagnóstico, maior o risco de
ficar cego." Em mais de 80%
dos casos, a doença regride de
forma espontânea.
Semanalmente, o ambulatório atende 40 bebês de todo o
país, muitos ainda na incubadora. Pelo menos dois deles já
chegam com deslocamento de
retina, situação que pode levar
à baixa visão ou à cegueira.
De acordo com Moraes, no
ambulatório, a incidência da
doença é de 60%. "É uma amostra viciada porque recebemos
bebês vindos de todos os tipos
de serviço, muitos com diagnóstico tardio", diz. Os bebês
que são prematuros que necessitam de níveis altos de oxigênio e aqueles que tiveram infecções generalizadas (sepsis) têm
maior risco de ter a doença.
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