São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 2006

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Metrô quer "lucrar" com valorização de imóveis

Idéia é cobrar parte da receita arrecadada com o IPTU em áreas vizinhas às estações

Estudo mostra que implantação da linha 4 aumentou preço de terrenos no entorno da obra, que deve acabar em 2008

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Metrô de São Paulo quer mapear com detalhes a valorização imobiliária no entorno de suas obras para que ela seja uma fonte de recursos para novos investimentos no sistema.
A idéia é identificar com precisão quanto do aumento do preço dos imóveis e da construção de empreendimentos tem ligação direta com a expansão da rede e, com isso, cobrar das autoridades do município a transferência de parte da arrecadação de IPTU e ITBI, por exemplo, para as novas obras ou equipamentos do Metrô.
"O objetivo é recuperar uma parte da valorização imobiliária. Quando há um adensamento e a região se verticaliza, a prefeitura tem um ganho expressivo com a arrecadação", afirma Luiz Cortez Ferreira, arquiteto da companhia, para quem essa verba seria uma forma de a prefeitura destinar uma parte de seu Orçamento à implantação do Metrô, que só tem hoje recursos do Estado.
Segundo Ferreira, outra verba que poderá ser parcialmente destinada ao transporte sobre trilhos é a arrecadada no entorno das estações com as operações urbanas e a venda de Cepacs (certificados que permitem a construção acima do limite normal do zoneamento).
Um mapeamento da valorização imobiliária já começou a ser traçado por técnicos com a linha 4 do Metrô (Luz-Vila Sônia), cujas obras começaram há dois anos e que serão concluídas somente no final de 2008.
Um estudo aponta que a implantação dela já provocou alta do preço dos terrenos, além do aumento da quantidade de construções particulares -que podem ser tanto novos imóveis até ampliação ou reforma.
Por um mapeamento feito com comparações de dados a partir de 1998, foi identificado um crescimento de 33% na área vertical construída nas proximidades da linha em Pinheiros e de 8,7% nos Jardins.
Os preços dos terrenos, em alguns casos, cresceram mais de 100% -como em imóveis próximos do largo da Batata.
As constatações fazem parte de um trabalho que será apresentado hoje na 12ª Semana de Tecnologia Metroferroviária, evento organizado pela Aeamesp (Associação de Engenheiros e Arquitetos de Metrô).
O arquiteto Luiz Cortez Ferreira é um dos responsáveis pelo trabalho, ao lado do engenheiro Eduardo Rottmann e da arquiteta Andreina Nigriello.
Ele analisou a situação de mais de 400 imóveis que integravam um banco de dados da companhia, localizados num raio de até 500 metros da futura linha 4, que terá 12,8 km e, na primeira fase, seis estações (Luz, República, Paulista, Faria Lima, Pinheiros e Butantã).
Ele detectou evolução do preço do metro quadrado do terreno -sem considerar as construções- em imóveis nas imediações da rua Oscar Freire/av. Rebouças, por exemplo.
Rottmann diz que a mudança envolve tanto os usos residenciais, principalmente de classe média, como os comerciais.
Segundo ele, a previsão legal para que a valorização dos imóveis seja revertida ao transporte coletivo já existe com as regras do último Plano Diretor.
O Metrô paulista tem hoje só 60 km, contra uma rede próxima de 200 km da Cidade do México, onde a implantação começou na mesma época.


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