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Metrô quer "lucrar" com valorização de imóveis
Idéia é cobrar parte da receita arrecadada com o IPTU em áreas vizinhas às estações
Estudo mostra que implantação da linha 4 aumentou preço de terrenos no entorno da obra, que deve acabar em 2008
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Metrô de São Paulo quer
mapear com detalhes a valorização imobiliária no entorno
de suas obras para que ela seja
uma fonte de recursos para novos investimentos no sistema.
A idéia é identificar com precisão quanto do aumento do
preço dos imóveis e da construção de empreendimentos tem
ligação direta com a expansão
da rede e, com isso, cobrar das
autoridades do município a
transferência de parte da arrecadação de IPTU e ITBI, por
exemplo, para as novas obras
ou equipamentos do Metrô.
"O objetivo é recuperar uma
parte da valorização imobiliária. Quando há um adensamento e a região se verticaliza, a
prefeitura tem um ganho expressivo com a arrecadação",
afirma Luiz Cortez Ferreira,
arquiteto da companhia, para
quem essa verba seria uma forma de a prefeitura destinar
uma parte de seu Orçamento à
implantação do Metrô, que só
tem hoje recursos do Estado.
Segundo Ferreira, outra verba que poderá ser parcialmente
destinada ao transporte sobre
trilhos é a arrecadada no entorno das estações com as operações urbanas e a venda de Cepacs (certificados que permitem a construção acima do limite normal do zoneamento).
Um mapeamento da valorização imobiliária já começou a
ser traçado por técnicos com a
linha 4 do Metrô (Luz-Vila Sônia), cujas obras começaram há
dois anos e que serão concluídas somente no final de 2008.
Um estudo aponta que a implantação dela já provocou alta
do preço dos terrenos, além do
aumento da quantidade de
construções particulares -que
podem ser tanto novos imóveis
até ampliação ou reforma.
Por um mapeamento feito
com comparações de dados a
partir de 1998, foi identificado
um crescimento de 33% na
área vertical construída nas
proximidades da linha em Pinheiros e de 8,7% nos Jardins.
Os preços dos terrenos, em
alguns casos, cresceram mais
de 100% -como em imóveis
próximos do largo da Batata.
As constatações fazem parte
de um trabalho que será apresentado hoje na 12ª Semana de
Tecnologia Metroferroviária,
evento organizado pela Aeamesp (Associação de Engenheiros e Arquitetos de Metrô).
O arquiteto Luiz Cortez Ferreira é um dos responsáveis pelo trabalho, ao lado do engenheiro Eduardo Rottmann e da
arquiteta Andreina Nigriello.
Ele analisou a situação de
mais de 400 imóveis que integravam um banco de dados da
companhia, localizados num
raio de até 500 metros da futura linha 4, que terá 12,8 km e, na
primeira fase, seis estações
(Luz, República, Paulista, Faria
Lima, Pinheiros e Butantã).
Ele detectou evolução do
preço do metro quadrado do
terreno -sem considerar as
construções- em imóveis nas
imediações da rua Oscar Freire/av. Rebouças, por exemplo.
Rottmann diz que a mudança
envolve tanto os usos residenciais, principalmente de classe
média, como os comerciais.
Segundo ele, a previsão legal
para que a valorização dos imóveis seja revertida ao transporte coletivo já existe com as regras do último Plano Diretor.
O Metrô paulista tem hoje só
60 km, contra uma rede próxima de 200 km da Cidade do
México, onde a implantação
começou na mesma época.
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