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Gasto de ricos é igual a 10 vezes o de pobres
IBGE revela que os 10% mais ricos do país despendem, em média, R$ 1.815 por mês, contra R$ 179 dos 40% mais pobres
Para IBGE, os 10% mais ricos
tinham renda mensal
familiar superior a R$ 3.876
em 2003; os 40% mais
pobres, inferior a R$ 758
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
No Brasil, o gasto médio
mensal de alguém que está entre os 10% mais ricos da população corresponde a dez vezes o
valor das despesas mensais de
outro brasileiro que está entre
os 40% mais pobres. Esse novo
retrato da desigualdade nacional foi divulgado ontem, no Rio,
pelo IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística).
Ao trabalhar com dados da
POF (Pesquisa de Orçamentos
Familiares) de 2002 e 2003,
que analisa como cada família
distribui seus gastos, os técnicos do instituto descobriram
que o gasto médio mensal per
capita de um brasileiro do "andar de cima" era de R$ 1.815.
No outro extremo, entre os
40% mais pobres da população,
esse valor cai para R$ 179.
Para fazer parte dos 10%
mais ricos, de acordo com o
corte usado pelo instituto, bastaria ter um rendimento mensal familiar superior a R$ 3.876.
Já os que estavam entre os
40% mais pobres tinham, todos, uma renda mensal familiar
inferior a R$ 758.
A desigualdade nos gastos familiares é ainda maior na região Nordeste. O Estado com
maior distorção entre ricos e
pobres é o de Alagoas, onde o
gasto médio de alguém que esteja entre os 10% mais ricos (R$
1.839) equivale a mais de 15 vezes o verificado entre os 40%
mais pobres (R$ 118).
Os Estados com menor desigualdade entre os dois grupos
são Amapá, Roraima, Santa Catarina e São Paulo.
De acordo com Edilson Nascimento da Silva, gerente da
pesquisa, no caso de Amapá e
Roraima, isso acontece porque
a população é menor e há uma
grande porcentagem de funcionários públicos.
Já no caso de São Paulo e
Santa Catarina, a principal explicação é que a renda média
dos 40% mais pobres é bastante superior à média nacional, o
que faz com que a relação fique
menos desigual quando comparada com o resto do país.
São Paulo
Em São Paulo, por exemplo,
os 40% mais pobres tinham em
2002 e 2003 despesas mensais
no valor de R$ 244, o terceiro
maior valor (atrás apenas do
Distrito Federal e do Rio Grande do Sul).
Já na comparação somente
entre os 10% mais ricos, o gasto
médio per capita do paulista
(R$ 1.709) é apenas o 12º, sendo
o Rio de Janeiro o primeiro
nessa lista (R$ 2.339).
Nessa análise, no entanto, é
preciso considerar que São
Paulo é o Estado de maior população do país. Com isso, qualquer recorte apenas entre os
10% mais ricos acaba comparando populações muito distintas em seu tamanho.
Em São Paulo, por exemplo,
10% da população significava,
em 2003, um contingente de
3,8 milhões de pessoas. No Rio
de Janeiro, esse grupo era de
1,5 milhão. Em Roraima, apenas de 35 mil pessoas.
Edilson Silva destaca também que há uma grande desigualdade entre as regiões.
Um morador do Rio de Janeiro entre os 10% mais ricos
tinha despesas médias, em
2002 e 2003, correspondentes
a 20 vezes o valor registrado
entre os 40% mais pobres do
Maranhão, onde o valor médio
é de apenas R$ 116.
Outros recortes
Além de comparar o gasto
médio entre os mais pobres e os
mais ricos, o IBGE pesquisou
também diferenciais no consumo por cor ou raça, escolaridade, sexo e idade.
No caso da comparação entre
cor, mais uma vez fica clara a
desigualdade entre aqueles autodeclarados brancos e os autodeclarados pretos e pardos.
Entre os brancos, o rendimento médio mensal familiar
do chefe de família era de R$
2.283, valor 81% maior do que
o verificado entre os de cor preta (R$ 1.264) e 84% superior ao
registrado entre os pardos
(R$ 1.242).
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