São Paulo, terça-feira, 30 de agosto de 2011

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Ônibus em corredor é lento como patinete

Velocidade é de 11,5 km/h na linha entre a avenida Inajar de Souza e o centro de SP; ideal seria pelo menos 18 km/h

Prefeitura diz que 28% das velocidades médias caíram neste ano e 72% tiveram melhoria em comparação com 2010

ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO
RAPHAEL VELEDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A velocidade nos corredores de ônibus de São Paulo segue muito abaixo da esperada para pistas exclusivas. E a situação mais crítica é para quem se desloca entre a zona norte e a região central.
Os dois corredores que ligam essas áreas foram os campeões em lentidão de março a junho deste ano (um de manhã, outro à tarde). O ritmo desses ônibus nos picos era alcançável por um patinete elétrico vendido para crianças de dez anos.
O corredor Inajar de Souza-Rio Branco-Centro teve as piores velocidades pela manhã, no sentido bairro-centro, com média de 11,5 km/h nos momentos mais críticos.
O Pirituba-Lapa-Centro liderou em lentidão no final da tarde, no sentido centro-bairro, com 12,2 km/h nos picos.
O monitoramento da SPTrans (órgão municipal de transporte), obtido pela Folha, reflete dias úteis e meses típicos nas horas mais complicadas das nove principais pistas exclusivas (e da Radial Leste, que terá uma).
Em relação a 2010, houve melhoria na média da capital, porém tímida e ainda aquém da meta da gestão Gilberto Kassab (PSD) de aumentar a velocidade em 15%.
O maior salto foi à tarde, de 14,1 km/h para 15,1 km. O engenheiro Jaime Waisman, professor da USP, diz que esse ritmo, semelhante ao dos carros, é muito baixo, afastando a pretensão de levar os usuários do transporte individual aos coletivos.
O desejável, afirma, mesmo na hora mais crítica, seria de 20 km/h a 25 km/h. Técnicos da SPTrans costumam considerar boas as velocidades acima de 18 km/h.
"Além de lotados, os ônibus estão lentos inclusive na faixa exclusiva. Não tem atratividade, só vai usar quem não tiver outra opção", diz.
Entre os agravantes estão: invasão dos corredores por carros, entrada e saída de táxis, falhas no pavimento, superlotação e falta de racionalização de linhas e de áreas de ultrapassagem para evitar as filas de ônibus nos pontos.

SEM ALTERNATIVA
Durante quatro meses, 28% das velocidades médias caíram em relação a 2010 e 72% tiveram melhoria. Mas a meta de aumento da velocidade só foi atingida em 16%.
Os dados se referem ao momento mais lento do dia, que varia em cada lugar. No corredor João Dias, é às 6h30. No Nove de Julho, às 9h. O corredor Campo Limpo-Rebouças-Centro também se destaca entre os piores.
Percorrê-lo de ponta a ponta à tarde chega a demorar uma hora e 25 minutos. Os corredores Inajar e Pirituba enfrentam gargalos para atravessar as pontes da marginal Tietê. Não há metrô como alternativa. Não foi à toa que Bruno Gusmão, 23, decidiu que vai comprar uma moto para se livrar da demora de uma hora e 40 minutos da Vila Nova Cachoeirinha à Paulista, a maior parte no corredor Inajar.
"De moto, meus irmãos gastam só 20 minutos", diz.


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