São Paulo, domingo, 30 de agosto de 1998

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Prova mostra o que se deve ensinar

da Reportagem Local

"Não basta mais saber. Tem que saber fazer." É essa a definição de conhecimento da relatora das novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, Guiomar Namo de Mello. É também esse o tipo de conhecimento que deverá ser avaliado hoje pelo Enem.
Mesmo nas escolas onde já vêm ocorrendo transformações nos currículos e nas formas de ensinar, a expectativa em relação ao exame é grande.
"O que esperamos é que essa prova mostre os novos papéis da escola", afirma Luiz Eduardo Cerqueira Magalhães, diretor do Colégio Santa Cruz, de São Paulo.
"O exame vem em uma hora muito legal para sinalizar que as universidades devem se preocupar com transformações no vestibular", diz Ciro de Figueiredo, presidente do Grupo -entidade que reúne escolas particulares no Estado de São Paulo.
Ou seja, o Enem aponta para mudanças tanto no ensino que ocorre antes dele como depois.
Na área educacional convencionou-se denominar de "tirania do vestibular" a influência que esse tipo de avaliação exerce sobre todo o sistema de ensino.
"O ensino médio teve um desvio muito grande por causa disso. Ficamos anos ensinando traquejos para se fazer uma prova", diz Figueiredo, que também dirige o colégio Friburgo em São Paulo.
Outro setor que deve ser afetado pelo Enem é o mercado de livros didáticos -segundo o diretor do Colégio Nossa Senhora das Graças, Eduardo Roberto da Silva. "O livro didático ainda mantém uma divisão estanque por disciplina."
A curiosidade em relação ao Enem não se limita ao tipo de raciocínio que será exigido dos estudantes. "O que vamos ver é o que de cada disciplina foi importante para isso. Teremos de decodificar a prova", diz Magalhães.
A definição do Enem dada pela presidente do Inep (órgão do MEC responsável por avaliações), Maria Helena Guimarães de Castro, mostra que essa tentativa de "decodificação" da prova será, realmente, necessária.
"Estamos preocupados com a capacidade de raciocínio, de resolver problemas. Não tem nada de decoreba. Mas ao mesmo tempo, se o aluno não tiver domínio dos conteúdos básicos, eles não terão competência", diz Castro (FR)


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