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SAÚDE
Internet vira
vício para 10%
dos usuários
JAIRO BOUER
especial para a Folha
Homens entre 25 e 35 anos com
um bom nível socioeconômico,
que passam incontáveis horas trabalhando na frente dos seus computadores, são o principal grupo
de risco para um novo tipo de dependência que começa a ser detectado: o vício em Internet.
O psicólogo canadense
Jean-Pierre Rouchon, de Quebec
(http:// www.psynternaute.com)
estima que 10% dos usuários de
Internet possam desenvolver sintomas de dependência.
Ele acha que, para fechar o diagnóstico, é importante que a pessoa
esteja usando a Internet por mais
de um ano (quando já deveria ter
passado o período natural de entusiasmo inicial).
Os dependentes se isolam gradualmente, deixam amigos, namorada e família de lado e passam
a querer ficar cada vez mais tempo
nas páginas da net (sites), nas salas de discussão (chats) e no correio eletrônico (e-mail).
Como o distúrbio é relativamente novo, poucos trabalhos científicos trazem informações confiáveis
sobre a dependência da net. Ainda
faltam critérios adequados para
tentar se diferenciar o que é normal e o que passa a ser sintoma de
um vício.
Segundo Dartiu Xavier, coordenador do Proad (Programa de
Orientação e Assistência a Dependentes) da Unifesp, como o diagnóstico ainda é pouco preciso e as
pessoas demoram para perceber
que estão tendo um problema de
dependência, o número de casos
ainda é pequeno.
O Proad está desenvolvendo um
instrumento de avaliação da dependência da Internet. Xavier planeja colocar esse questionário na
rede em breve para poder avaliar a
extensão do problema no país.
Os psicólogos e psiquiatras que
trabalham com o problema usam
critérios de avaliação que são parecidos com os de outras dependências como álcool, drogas, jogo
patológico e compra compulsiva
O tempo que a pessoa passa conectada não é o melhor ponto de
corte para diferenciar o que é o
normal do que é o distúrbio. Uma
pessoa que passa 20 horas por semana conectada pode ser mais dependente do que uma pessoa que
fica 40 horas (tempo de conexão
em atividades que excluem trabalho e estudo).
O impacto que as sucessivas conexões à Internet produz na vida
da pessoa é que parece ser o melhor termômetro para medir o
grau de dependência. O dependente começa a trocar atividades
domésticas, de lazer, de trabalho e
de contato humano pela navegação nas página e salas da web.
O tratamento deve ser semelhante aos de outras dependências: evitar o contato com a causa
do vício e desenvolver meios de
controle sobre o comportamento
repetitivo. Um psicólogo ou psiquiatra pode ajudar os dependentes a se livrar do problema.
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