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SEGURANÇA
Presas da Penitenciária Feminina, no Carandiru, fizeram duas funcionárias como reféns; revolta durou 9 horas
Rebelião é encerrada sem feridos graves
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
Duas semanas após a Casa de
Detenção ser desativada, o Complexo do Carandiru (zona norte
de São Paulo) foi palco de nova rebelião no final de semana. Detentas da Penitenciária Feminina se
rebelaram por cerca de nove horas e só foram controladas por
volta das 3h30 de ontem. A rebelião terminou com a transferência
de duas presas e sem feridos.
Segundo a Polícia Militar, a revolta começou por volta das
18h30 do sábado e atingiu os quatro pavilhões do presídio, que
abriga 560 detentas. Duas agentes
penitenciárias foram feitas reféns.
Uma delas, que chegou a ser levada para o telhado de um dos pavilhões, foi libertada às 21h30 de anteontem, e a segunda, por volta
das 3h de ontem.
"Duas detentas estão sendo
transferidas porque foram as líderes da rebelião", disse o coronel
Tomaz Alves Canjerana, comandante da Tropa de Choque. Elas
foram encaminhadas para a penitenciária feminina do complexo
de Tremembé (138 Km a nordeste
de São Paulo).
Segundo o bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, dom Pedro Luís Stringhini, as presas pediam melhores condições de vida.
Ele acompanhou as negociações
juntamente com o padre Júlio
Lancelotti, da Pastoral Carcerária.
A presença da Igreja foi exigida
pelas rebeladas. "Nós éramos a
garantia de que tudo ia sair bem",
explicou Stringhini.
No sábado à noite, quando a rebelião ainda não estava controlada, alguns PMs que participavam
da operação informaram que a revolta teria começado após uma
frustrada tentativa de fuga. Teria
faltado água no presídio na manhã de sábado e, à tarde, após o
abastecimento ser restabelecido,
as presas teriam tentado uma fuga
durante o banho coletivo. A informação não foi confirmada pelo
coronel Olinto Neto Bueno, assessor de gabinete da Secretaria de
Administração Penitenciária.
Tensão
O início da noite de sábado foi o
período mais tenso da rebelião.
Próximo das 21h, um tenente da
PM saiu da penitenciária ferido
na cabeça. Algumas rebeladas estavam nos telhados de dois pavilhões e jogaram telhas contra os
policiais. Uma delas teria atingido
o tenente. Somente após um helicóptero Águia da PM sobrevoar o
local, elas deixaram os telhados.
Às 21h15, 36 policiais da tropa
de choque entraram no presídio
durante as negociações. De acordo com Bueno, eles permaneceram no pátio, do lado de fora dos
pavilhões.
Cinco minutos depois, funcionárias da penitenciária abriram
os portões e, nervosas, gritaram
pelos bombeiros, que até então
mantinham dois caminhões e um
carro de resgate do lado de fora da
penitenciária. As rebeladas haviam incendiado colchões e roupas no pátio da entrada do presídio. As chamas tinham cerca de
três metros de altura mas, segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo
foi facilmente controlado.
Por volta das 21h30, funcionários do presídio comemoraram,
aos gritos, a libertação da primeira refém. Segundo alguns PMs,
ela teria dito que chegou a ser torturada pelas detentas, que estavam "armadas" com estiletes.
Os 36 policiais da Tropa de Choque deixaram o presídio às 3h do
domingo, quando a última refém
foi libertada e as duas detentas
transferidas.
(DAGUITO RODRIGUES E FAUSTO SALVADORI FILHO)
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