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DIREITOS HUMANOS
Relatora da organização visita duas unidades diz que não comentaria a situação por temer agressão a menores
Para ONU, até ala modelo da Febem é horrível
DA REPORTAGEM LOCAL
Horrível. Horrível. Horrível. Esta foi a avaliação, ontem, da relatora de execuções sumárias da
Organização das Nações Unidas,
Asma Jahangir, após visitar duas
unidades da Febem (Fundação
Estadual do Bem-Estar do Menor) em São Paulo. Uma delas, a
de Pirituba, é considerada "modelo" pelo governo do Estado.
"A situação é a mesma que
aqui", disse Jahangir, após visitar
à UAI (Unidade de Atendimento
Inicial) do complexo da Febem no
Brás -considerada pelo próprio
governo como uma unidade problemática. O local abriga 500 internos, embora possua capacidade para apenas 62.
Ela já havia tentado visitar a unidade há cerca de dez dias, entretanto, a superlotação do local foi
utilizada pela Febem como argumento para impedir a visita.
Jahangir disse que não comentaria a situação dos adolescentes
por temer que suas declarações levassem ao espancamento dos internos. Entretanto, avisou que irá
escrever uma carta confidencial
sobre a Febem ao vice-governador de São Paulo, Claudio Lembo,
com o qual esteve reunida no início da tarde de ontem.
O assunto também será analisado no relatório que Jahangir está
elaborando sobre o país para
apresentar à Comissão de Direitos Humanos da ONU e que tem
como foco o problema das execuções sumárias. A relatora disse estar convicta de que há grupos de
extermínio formados por policiais no Brasil e que, embora tenha percebido vontade política na
mudança dessa situação, são necessárias ações mais rápidas por
parte das autoridades.
"A avaliação é muito clara: existem as execuções extrajudiciais,
policiais envolvidos nesses crimes
e impunidade", afirmou Jahangir
ontem, após uma reunião com o
secretário da Segurança Pública
de São Paulo, Saulo de Castro
Abreu Filho. Ela também esteve
reunida, na manhã de ontem,
com o secretário de Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, e com José Jarjura, diretor
do IML (Instituto Médico Legal).
Abreu Filho reconheceu que a
participação de policiais em grupos de extermínio não é novidade
na crônica policial, mas disse que
não há impunidade. Segundo ele,
690 policiais foram demitidos
desde o ano passado devido a irregularidades.
Questionado sobre o suposto
grupo de extermínio que envolveria policiais, em Guarulhos
(Grande São Paulo), ele disse que
um dos fatores que estimulam esse tipo de atitude é a sensação de
que os criminosos não serão punidos judicialmente.
O ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, considerou a visita da relatora ao país um incentivo para a luta contra as violações
aos direitos humanos . "A presença dela é muito importante. Fizemos para ela um relatório absolutamente aberto sobre aquilo que
pensamos e achamos que existe
no Brasil."
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