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SEGUNDA MÃO
Autores do projeto, que venceram licitação da Prefeitura de SP, apontaram erros na obra; prédio é tombado
Restauração de planetário terá de ser refeita
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
A meta é restaurar o planetário
do Ibirapuera, mas parte do próprio restauro é que terá de ser refeita. "Desalinhamento", "baixa
qualidade" e "acabamento grosseiro" são alguns problemas citados na obra em um relatório feito
pelos arquitetos responsáveis pelo projeto do restauro do planetário, desativado há cinco anos.
A reforma está sendo feita pela
construtora Cyrela, numa permuta firmada com a Prefeitura de
São Paulo em troca de uma dívida
de R$ 3,1 milhões com o município. A empresa diz que, até agora,
investiu R$ 3,5 milhões na obra.
Os problemas foram identificados em vistoria feita há um mês
por técnicos do Departamento do
Patrimônio Histórico (DPH) e os
arquitetos Paulo Faccio e Luis Antonio Magnani. "Parece algo assim: faço de conta que faço bem
feito e você faz de conta que fiscaliza", diz o arquiteto Pedro Dias,
que, com Faccio e Magnani, forma a equipe que venceu licitação
para fazer o projeto de restauro.
Anteontem, em reunião com o
arquiteto Marcos Cartum, da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, foi combinada a criação da
agenda de visitas à obra para verificar se as correções serão feitas.
O relatório foi enviado ao Condephaat, órgão estadual de defesa
do patrimônio histórico -o planetário é tombado tanto pelo
Condephaat como pelo Conpresp
(conselho municipal) e todas alterações estruturais precisam ser
aprovadas pelos dois órgãos.
O principal problema, segundo
Magnani, especialista em restauro, é que as telhas de alumínio que
revestem a cúpula do planetário e
o anel que o circunda não respeitam a geometria original. "Os gomos começaram a ser feitos de tamanhos variados, com linhas deformadas. É uma questão gravíssima pois essa geometria faz parte
do conceito do prédio, que é um
planetário, uma coisa que lida
com geometria, matemática. Isso
teria de ser feito exatamente como
quando foi construído."
As pedras usadas na reforma
têm formato e tonalidade diferentes das originais, criando contraste. Além disso, há irregularidades,
saliências e ondulações "fora dos
limites de aceitação" na caixa do
elevador e na escada do mezanino, segundo o relatório.
Outros dois problemas são de
alterações no projeto de restauro
apresentado. A passarela técnica
(onde ficarão os instrumentos de
projeção), que a princípio seria
oculta por placas de alumínio, foi
feita com a estrutura aparente,
que, segundo o relatório, tem acabamento grosseiro e causa significativa perda de qualidade.
A segunda alteração é na subestação de energia e no ar-condicionado. Segundo Faccio, no projeto,
essa instalação seria subterrânea,
atendendo a determinações dos
dois órgãos de preservação. Mas o
projeto mudou e agora os equipamentos ficarão na superfície, o
que, segundo o texto, compromete o entorno do planetário e da escola de astrofísica, ao lado.
As mudanças não foram encaminhadas aos órgãos de patrimônio. O Condephaat diz estar analisando o relatório dos arquitetos e
que, por isso, não iria se manifestar sobre o assunto. Segundo a assessoria da Secretaria Municipal
da Cultura, o DPH encaminhará
as deficiências relatadas à Cyrela.
A reforma completa, incluindo
a obra e o equipamento de projeção, está avaliada em R$ 12 milhões, de acordo com a prefeitura.
A meta é terminar as obras até o
final de outubro, mas a inauguração não será imediata. Após o fim
da intervenção, serão necessários
cerca de dois meses para a instalação dos equipamentos.
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