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Câmara dos Deputados começa a discutir na quinta projeto que autoriza mudança de sexo
Ministro quer nova lei para transexual
da Sucursal de Brasília
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), Celso de Mello, cobrou ontem do Congresso
a aprovação de uma nova legislação sobre o transexual.
Na quinta-feira, o plenário da
Câmara dos Deputados começa a
discutir projeto de lei que autoriza a cirurgia para mudança de sexo e a alteração do prenome nos
documentos pessoais.
Mello afirmou que a resolução
do CFM (Conselho Federal de
Medicina) que disciplina a cirurgia representa um passo importante, que deveria motivar o
Congresso a aprovar nova lei.
Segundo ele, a possibilidade de
cirurgia precisa ser acompanhada da oportunidade de alteração
do prenome nos registros civis.
"De nada adianta superar esse
impasse -a dicotomia entre a
realidade morfológica e psíquica- se a pessoa continua vivendo o constrangimento de se
apresentar como portadora do
sexo oposto."
O projeto de lei em discussão
modifica o Código Penal, de
1940, para deixar expresso que a
cirurgia de mudança de sexo não
é crime de lesão corporal.
A proposta também altera a Lei
dos Registros Públicos, de 1973,
para autorizar, após a cirurgia, a
mudança do prenome e do sexo
nos documentos pessoais.
Mello disse que a decisão do
CFM também deveria sensibilizar o Poder Judiciário a decidir
em favor do ajustamento do
transexual. Segundo ele, a resolução do CFM disciplina a cirurgia no aspecto ético, mas não impede que o Ministério Público
proponha ação criminal contra
médicos que sigam a orientação
do conselho.
"Em tese, é possível a reedição
do caso Farina", afirmou o ministro, referindo-se ao processo
contra o cirurgião plástico Roberto Farina, de São Paulo, por
ter realizado cirurgia no transexual Waldir Nogueira, em 1971.
Mello disse que a resolução do
CFM, de 10 de setembro último,
trata de maneira prudente a possibilidade de cirurgia.
O conselho autorizou sua realização após dois anos de acompanhamento e avaliação do paciente por uma equipe composta por
psiquiatra, cirurgião, psicólogo e
assistente social.
Roberta Close, chamada formalmente Luiz Roberto Gambrine Moreira, fracassou em fevereiro na tentativa de obter na Justiça a mudança do prenome.
O STF negou recurso ajuizado
por ela, por uma falha de caráter
processual. Em 1989, ela fez a cirurgia de mudança de sexo. No
ano seguinte, ela entrou com a
ação judicial para alterar o registro civil.
(SILVANA DE FREITAS)
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