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SAÚDE
Por diferenças na remuneração do SUS, instituições universitárias privilegiam internações cirúrgicas em detrimento das clínicas
Cirurgias ajudam hospitais a reforçar caixa
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Hospitais universitários estão
privilegiando atendimentos que
recebem mais recursos do SUS
(Sistema Único de Saúde) para
tentar driblar a crise financeira. O
problema acontece porque a tabela de pagamento do SUS varia segundo o tipo de atendimento.
No Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ
(Universidade Federal do Rio de
Janeiro), a política de expansão
nos últimos cinco anos privilegiou o aumento do número de leitos para internação cirúrgica.
Segundo o diretor do hospital,
Amâncio Carvalho, os leitos clínicos, que têm grande demanda
não atendida pelo hospital, tiveram crescimento menor porque o
valor pago pelo SUS é muito menor do que o custo médio para os
hospitais universitários.
"Nos últimos cinco anos, passamos de uma média de mil internações diárias para 1.800. Na área
cirúrgica, o crescimento foi de
mais de 100%, enquanto na área
clínica não passou de 50%."
Segundo Carvalho, o SUS paga
cerca de R$ 2.000 no caso de intervenções cirúrgicas e R$ 400 no de
clínicas. "O problema é que um
paciente clínico fica, em média, 12
dias internado, enquanto o cirúrgico fica cinco dias. Muitos dos
casos de internação clínica são de
pacientes transplantados, com
Aids, câncer ou com problemas
frequentes. São casos graves, com
custo muito elevado", disse.
O diretor-geral do hospital universitário da UFPR (Universidade
Federal do Paraná), Giovanni
Loddo, diz que há um limite para
que os hospitais beneficiem mais
os atendimentos que geram mais
recursos do SUS.
Loddo diz que o valor muito
baixo pago pelo SUS para as intervenções cirúrgicas também afeta
o hospital da UFPR. Ele cita o baixo valor pago por consulta (R$
2,55) como mais um entrave para
que o hospital atenda melhor a
população. "Esse valor muito baixo nos impede de abrir mais espaços para consultas. Se fizermos isso, aumentamos nosso prejuízo."
Éfrem Maranhão, diretor do
hospital universitário da UFPE
(Universidade Federal de Pernambuco), afirma que a associação dos hospitais universitários
quer convencer o futuro governo
federal a alterar a estrutura de gestão dos hospitais."Queremos que
os hospitais tenham um orçamento, que permita um melhor
planejamento dos gastos", afirmou Maranhão.
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