São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 2002

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VIOLÊNCIA

Traficantes que voltaram ao presídio conversaram livremente com visitas no domingo, contrariando promessa de autoridades

Visita em Bangu 1 ocorreu sem restrições

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Os oito presos transferidos no sábado do Batalhão de Choque e do CPI (Comando de Policiamento do Interior) da Polícia Militar para o presídio Bangu 1, entre eles Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, conversaram livremente com visitantes no domingo, diferentemente do que havia prometido a Secretaria Estadual da Segurança Pública.
Antes da transferência, a secretaria anunciara que o contato dos presos com as visitas ocorreria no parlatório (sala dividida por um vidro à prova de balas e com telas de ferro), mesmo local onde eles deveriam receber os advogados.
A Folha apurou que os presos receberam os parentes e amigos nas próprias galerias, como acontecia antes de serem levados para o Batalhão de Choque.
O diretor de Bangu 1, Lima Freire, não quis falar sobre as visitas. Disse apenas que os familiares foram ao presídio levar alimentos e roupas para os presos.
O comandante-geral da PM, coronel Francisco Braz, disse que os presos não receberam visitas. "Eles estão no isolamento."
A Secretaria Estadual da Segurança já assumiu a responsabilidade pela administração de Bangu 1. Decreto publicado anteontem no "Diário Oficial" anunciou que o presídio passou do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário) para a secretaria.
Cerca de 50 policiais militares trabalham na administração e na segurança do presídio.
Além de Beira-Mar, foram transferidos do batalhão para Bangu 1 os traficantes Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, Marco Antônio Tavares, o Marquinho Niterói, Marco Antônio Pereira Firmino, o My Thor, Marco Marinho dos Santos, o Chapolim, Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, e Márcio Silva Macedo, o Gigante. Outro transferido foi Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, que estava no CPI, em Niterói (a 15 km do Rio).
Restringir visitas de parentes e advogados é uma das sanções disciplinares aplicadas aos presos acusados de participar do massacre em Bangu 1 no dia 11 de setembro, quando detentos ligados ao CV (Comando Vermelho) mataram quatro rivais, entre eles Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, e destruíram parcialmente o local.
Depois da rebelião, seis presos foram removidos para o batalhão, onde só podiam receber um advogado por dia. Durante o período em que os presos estiveram no batalhão, Bangu 1 passou por uma ampla reforma. Foram instalados bloqueadores de celulares e 16 câmeras de vídeo para monitorar os detentos.
O diretor do Desipe, major Hugo Freire, informou que os bloqueadores estão funcionando. Ele disse que, em caso de falhas, o aparelho possui um alarme que aciona diretamente uma torre de controle. Ele não quis dizer quem é o responsável pelo controle dos bloqueadores, alegando questões de segurança.


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