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Escoltado por 12 seguranças, Bem-Te-Vi foi atingido quatro vezes após tiroteio que durou cerca de 40 minutos
Polícia mata líder do tráfico da Rocinha
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
O chefe do tráfico na favela da
Rocinha (São Conrado, zona sul
do Rio) e um dos criminosos mais
procurados do Estado, Erismar
Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi,
29, foi morto ontem de madrugada durante tiroteio com policiais
civis na própria comunidade.
Bem-Te-Vi recebeu quatro tiros
e foi levado para o hospital Souza
Aguiar, no centro, onde morreu.
Doze seguranças armados com
fuzis acompanhavam Bem-Te-Vi
quando foi alvejado. No trajeto
até o hospital, segundo policiais,
disse: "Vou morrer, vou morrer".
O traficante estava com aparência diferente, com o cabelo pintado de louro e bem acima do peso.
Familiares queriam realizar o
velório na própria comunidade,
mas a polícia proibiu. O corpo
deixou o Instituto Médico Legal
às 15h15 rumo ao cemitério São
João Batista (Botafogo, zona sul).
Ao serem informados da saída
do corpo, traficantes da Rocinha
dispararam fogos, tiros e jogaram
granadas. Assustados, motoristas
que saíam do túnel Zuzu Angel
pararam o trânsito. Alguns abandonaram os carros. Ninguém ficou ferido.
No cemitério, uma advogada
que não quis se identificar pagou
o caixão em dinheiro vivo. Com
detalhes em dourado, como as
bordas e o crucifixo, o caixão custa cerca de R$ 6.000.
A mesma advogada disse que
conseguira autorização judicial
para que o enterro fosse realizado
na manhã de hoje, mas a Justiça
negou. O sepultamento aconteceu ontem mesmo, com a presença de mais de 40 policiais e cerca
de 350 pessoas que chegaram da
Rocinha em vans e ônibus. O nome do traficante foi gritado, mas
não houve conflito com a polícia.
Operação
Para prender o traficante, os policiais alugaram uma quitinete na
Rocinha para monitorá-lo. O
imóvel fica em frente a uma boca-de-fumo. Por volta das 2h de ontem, os agentes viram Bem-Te-Vi
se deslocando para um baile no
clube Emoções escoltado por seus
seguranças.
Uma hora depois, o traficante
retornou para a parte alta da rua
do Valão, uma das principais da
Rocinha. Ali foi abordado pelos
policiais. A troca de tiros durou
cerca de 40 minutos. Os traficantes chegaram a atirar granadas.
Bem-Te-Vi estava armado com
duas pistolas dourados e usava
um bracelete de ouro. Dois dos tiros atingiram seu abdômen. Ele
também foi atingido na cabeça e
no pé esquerdo.
Policiais o puseram em um carro blindado e o levaram para fora
da favela. Os traficantes atiraram
em um transformador de energia
elétrica -o que deixou a favela às
escuras- e dispararam tiros em
direção ao túnel Zuzu Angel, para
impedir que o carro da polícia entrasse nele. O túnel foi fechado ao
trânsito durante a operação.
No tiroteio, três moradores da
Rocinha foram atingidos por balas perdidas. Todos estão fora de
perigo. Um suposto segurança de
Bem-Te-Vi, identificado como
Eduardo Jorge Menezes, foi atingido e morreu.
Como luto forçado pela morte
de Bem-Te-Vi, o comércio na Rocinha amanheceu fechado. A Polícia Militar mandou à favela 23
homens, mas "olheiros" dos traficantes circulavam pelas ruas e se
comunicavam normalmente por
radiotransmissores. Alguns chegaram, via rádio, a fazer ameaças
às equipes de reportagens que estavam na Rocinha.
A investigação que resultou na
operação para capturar Bem-Te-Vi foi iniciada há quatro meses
pela 25ª Delegacia de Polícia (Engenho Novo, zona norte).
Segundo o delegado Luiz Antônio Ferreira, o trabalho indicou
que Bem-Te-Vi planejava uma invasão ao vizinho morro do Vidigal, controlado pela facção criminosa CV (Comando Vermelho),
rival da ADA (Amigo dos Amigos), que domina a Rocinha.
Colaboraram SERGIO RANGEL E BRUNO
GARSCHAGEN, da Sucursal do Rio
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