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Funcionária vende linhas da Telefônica ao PCC, diz polícia
Acusada de desviar números de linhas fixas para celulares, empregada de terceirizada foi presa
Presa no local de trabalho,
mulher negou as acusações;
Telefônica detectou 5.158
linhas suspeitas e estima
um prejuízo de R$ 890 mil
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Funcionária da empresa Telemax, terceirizada que presta
serviços à Telefônica, Tatiane
Mello de Jesus, 27, foi presa ontem no trabalho sob acusação
de desviar linhas telefônicas fixas para celulares de membros
da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Segundo a promotora Sandra
Reimberg, do Gaeco (Grupo de
Atuação Especial de Repressão
ao Crime Organizado) do ABC,
Tatiane cobrava cerca de R$ 70
para desviar uma linha fixa para o telefone celular de membros do PCC e dava uma garantia de sete dias de uso -período
que o sistema da Telefônica leva para fazer uma varredura e
detectar a fraude.
Para aplicar o golpe, Tatiane
usava uma senha da operadora
e reativava linhas fixas que estavam paradas na região -prefixos 4654, 4655 e 4656.
Com o serviço de desvio de
chamadas da própria operadora, ela as redirecionava para celulares de integrantes do PCC.
Foram descobertos até agora
40 números fixos que recebiam
chamadas a cobrar e que são investigados como reabilitados
por Tatiane. As 40 linhas foram
repassadas para presos entre
junho e outubro deste ano e
causaram prejuízo de cerca de
R$ 95 mil para a Telefônica.
No último ano, a Telefônica
detectou 5.158 linhas com esse
tipo de fraude e estima um prejuízo de R$ 890 mil no Estado.
Empresa e Promotoria querem
saber quantas delas foram desviadas por Tatiane.
Entre os clientes de Tatiane
está Marcelo Rossinholi. Ele é o
principal integrante do PCC no
ABC. Da Penitenciária 2 de
Presidente Venceslau (611 km
de SP), ele chefia as ações criminosas do grupo por celular.
Tatiane foi flagrada em escutas telefônicas ao negociar linhas com o presidiário Alexsandro Gerônimo. Acusado de
integrar o PCC, ele está preso
em Guarulhos (Grande SP) e
era o principal intermediário
das vendas das linhas. Ontem, a
mulher dele, Samantha Cristine Gonçalves, foi presa ao mesmo tempo que Tatiane.
Tatiane é mulher de Wilson
Fernando Batista, 26, preso na
Penitenciária de Irapuru (631
km de São Paulo).
Ela foi presa sob a acusação
de furto qualificado (por abuso
de confiança, já que ela usava
uma senha da Telefônica para
desviar as linhas), formação de
quadrilha, associação para o
tráfico e também por desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicação.
À noite, quando já era interrogada pelo delegado Fabiano
Fonseca Barbeiro, de São Bernardo do Campo, Tatiane disse
que Valdirene Gatti Marcelo,
também funcionária terceirizada, a auxiliava no golpe. A colega dela acabou sendo presa.
Ao saber das prisões das colegas de trabalho, um outro funcionário da Telemax se apresentou à polícia e admitiu ter
emprestado sua conta bancária
para que elas recebessem os pagamentos. Ele foi indiciado,
mas não foi preso porque se
apresentou espontaneamente.
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