São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2008

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Funcionária vende linhas da Telefônica ao PCC, diz polícia

Acusada de desviar números de linhas fixas para celulares, empregada de terceirizada foi presa

Presa no local de trabalho, mulher negou as acusações; Telefônica detectou 5.158 linhas suspeitas e estima um prejuízo de R$ 890 mil

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Funcionária da empresa Telemax, terceirizada que presta serviços à Telefônica, Tatiane Mello de Jesus, 27, foi presa ontem no trabalho sob acusação de desviar linhas telefônicas fixas para celulares de membros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Segundo a promotora Sandra Reimberg, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do ABC, Tatiane cobrava cerca de R$ 70 para desviar uma linha fixa para o telefone celular de membros do PCC e dava uma garantia de sete dias de uso -período que o sistema da Telefônica leva para fazer uma varredura e detectar a fraude.
Para aplicar o golpe, Tatiane usava uma senha da operadora e reativava linhas fixas que estavam paradas na região -prefixos 4654, 4655 e 4656.
Com o serviço de desvio de chamadas da própria operadora, ela as redirecionava para celulares de integrantes do PCC.
Foram descobertos até agora 40 números fixos que recebiam chamadas a cobrar e que são investigados como reabilitados por Tatiane. As 40 linhas foram repassadas para presos entre junho e outubro deste ano e causaram prejuízo de cerca de R$ 95 mil para a Telefônica.
No último ano, a Telefônica detectou 5.158 linhas com esse tipo de fraude e estima um prejuízo de R$ 890 mil no Estado. Empresa e Promotoria querem saber quantas delas foram desviadas por Tatiane.
Entre os clientes de Tatiane está Marcelo Rossinholi. Ele é o principal integrante do PCC no ABC. Da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (611 km de SP), ele chefia as ações criminosas do grupo por celular.
Tatiane foi flagrada em escutas telefônicas ao negociar linhas com o presidiário Alexsandro Gerônimo. Acusado de integrar o PCC, ele está preso em Guarulhos (Grande SP) e era o principal intermediário das vendas das linhas. Ontem, a mulher dele, Samantha Cristine Gonçalves, foi presa ao mesmo tempo que Tatiane.
Tatiane é mulher de Wilson Fernando Batista, 26, preso na Penitenciária de Irapuru (631 km de São Paulo).
Ela foi presa sob a acusação de furto qualificado (por abuso de confiança, já que ela usava uma senha da Telefônica para desviar as linhas), formação de quadrilha, associação para o tráfico e também por desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicação.
À noite, quando já era interrogada pelo delegado Fabiano Fonseca Barbeiro, de São Bernardo do Campo, Tatiane disse que Valdirene Gatti Marcelo, também funcionária terceirizada, a auxiliava no golpe. A colega dela acabou sendo presa.
Ao saber das prisões das colegas de trabalho, um outro funcionário da Telemax se apresentou à polícia e admitiu ter emprestado sua conta bancária para que elas recebessem os pagamentos. Ele foi indiciado, mas não foi preso porque se apresentou espontaneamente.


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