São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2010

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Cobrador amigo de sindicalista morto agora vive escondido

Ele presenciou assassinato e diz que morte tem relação com denúncias de corrupção

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

"Sou marcado para morrer, sei que sou o próximo." A afirmação é do cobrador de ônibus Willian Oliveira, 30. Ele estava ao lado do sindicalista Sérgio Augusto Ramos, 48, quando dois homens o mataram na segunda-feira.
Ramos era um dos diretores de base do Sindmotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano) de SP e havia feito à Promotoria uma série de denúncias de corrupção na entidade.
Oliveira e Ramos eram amigos havia seis anos e, para o cobrador, a morte tem relação com as denúncias.
O medo fez com que Oliveira deixasse a casa onde vivia com a mulher e dois filhos e agora viva escondido.
"Não posso dizer quem puxou o gatilho porque estavam de capacete, mas o mais provável é que seja gente do nosso sindicato mesmo."
"Uma vez, o Sérgio recebeu uma ameaça e colocou o telefone celular no viva voz. Ouvi a pessoa dizer que, caso ele não retirasse as acusações feitas contra o Jorginho [Isao Hosogi, presidente do Sindmotoristas], sabia muito bem o que ia acontecer, inclusive com a família", disse. Procurado, Hosogi não falou.
O diretor de finanças do Sindmotoristas, José Valdevan de Jesus Santos, é investigado pela polícia sob suspeita de ligação com a facção criminosa PCC. Ele nega.
Na manhã de 11 de janeiro de 2008, o sindicalista Renato Souza de Oliveira, 44, foi morto a tiros quando ia de sua casa ao aeroporto de Guarulhos para buscar Santos, que voltava de Sergipe.
Oliveira também foi assassinado por dois homens em uma moto.
Até hoje, o DHPP (departamento de homicídios), da Polícia Civil, não sabe quem matou Oliveira, que era presidente da Cooperativa Habitacional dos Trabalhadores do Transporte Urbano de São Paulo, cujo diretor financeiro também era Santos.


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