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São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2003

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Bairro teve o último bonde

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Segundo se conta, o Brooklin teria sido batizado assim pela Light, empresa que operava os bondes elétricos, em homenagem ao bairro de Nova York. Até 1913, quando os elétricos começaram a circular, era conhecido apenas como a "quinta parada" do bonde, que, no princípio, chegava à praça João Mendes e, a partir da década de 1960, à Vila Mariana.
José Mindlin supõe que a denominação, na verdade, se deva aos norte-americanos do sul que vieram para São Paulo depois de perder a guerra civil (1861-1865) e cita um dos livros de sua biblioteca para comprovar: "Brazil: a Home for Southerners" (Brasil: um Lar para os Sulistas), de 1865.
Colecionador desde os 13 anos, Mindlin tem obras raras sobre a cidade, como o livro de fotos "São Paulo", de Gustavo Koenigswald, de 1895, e um anuário estatístico manuscrito, de 1827, com informações sobre transporte, agricultura e o cotidiano dos paulistanos.
As origens do bairro remontam a 1822, quando foi construída sua primeira casa por um certo Chico Mimi, proprietário de uma fazenda na região. Mas a ocupação de fato veio aos poucos: por volta de 1906, havia apenas três casas e o ponto do bonde, movido a vapor.
O bonde elétrico vermelho, apelidado "camarão", circulou até 1968 -foi a última linha da capital a ser desativada. Até hoje Mindlin lamenta não ter sido conservada para o metrô, que o bairro ainda não possui. "Foi falta de visão do Prestes Maia [prefeito de 1938 a 1945 e de 1961 a 1965], que era um urbanista, mas não tinha idéia do futuro", critica.



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