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VIOLÊNCIA
Polícia não tem dados anteriores, mas admite tendência de crescimento; ladrões de banco migraram para roubos a edifícios
SP tem 20 arrastões a prédios em 6 meses
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo menos 20 prédios de alto
padrão foram alvo de arrastões
em São Paulo e região metropolitana nos últimos seis meses. Segundo a polícia, que reconhece
tendência de crescimento desses
roubos, ao menos três quadrilhas
que promovem arrastões são formadas por líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital).
O último crime desse tipo ocorreu na madrugada de anteontem.
De cinco a sete homens armados,
segundo a polícia, invadiram 13
de um total 20 apartamentos de
um prédio de alto padrão no Alto
do Mandaqui, zona norte de São
Paulo.
Não há dados sobre períodos
anteriores -a Secretaria da Segurança Pública afirma que os casos
são computados nos dados gerais
sobre roubos-, mas a polícia admite aumento dos registros de arrastões. "Os casos estão mais freqüentes. É onde eles [os criminosos] estão tendo mais sucesso, o
resultado é maior", afirma o delegado Ruy Ferraz Fontes, do Deic
(Departamento de Investigações
sobre o Crime Organizado).
Segundo Fontes, um rastreamento em distritos policiais feito
pelo Deic apontou 18 ocorrências
de arrastões em prédios no período que inclui os últimos seis meses até a última sexta-feira. Mais
dois casos foram registrados depois disso -o roubo de um flat
no bairro de Higienópolis, no
centro, e o assalto no prédio no
Alto do Mandaqui.
De acordo com Fontes, pelo
menos três quadrilhas sediadas
na capital realizam arrastões. Entre os membros, líderes do PCC.
Ontem, o Deic anunciou a prisão
de um suposto líder de quadrilhas. Carlos Antonio da Silva, 26,
o BL, foragido da prisão, é apontado como o comandante de um
arrastão, no começo do mês, em
Moema (zona sul). Os ladrões levaram mais de R$ 1 milhão em dinheiro, jóias e eletroeletrônicos,
segundo cálculo da polícia.
Quando foi preso, na última
sexta, em São Bernardo do Campo (Grande SP), BL tinha no bolso
o relógio de um dos moradores
do prédio em Moema, segundo o
delegado. O suspeito negou à polícia as acusações.
Ele também teria admitido, em
escutas telefônicas realizadas pela
polícia, a participação no arrastão. Na sexta-feira, o Deic também prendeu Eduardo Gomes
Bonfim de Lima, 23, suspeito de
participar da quadrilha.
A polícia chegou a BL a partir de
uma investigação sobre o PCC.
Ele seria "piloto" da facção criminosa na zona leste de São Paulo
-coordenaria as ações do grupo
fora da cadeia nessa região.
BL também era, segundo a polícia, líder da facção na penitenciária de Iaras (interior de SP). Ele
fugiu neste ano no primeiro dia
de vigência de sua progressão de
regime para o semi-aberto.
Na ficha criminal de BL estão
quatro assaltos a banco. O delegado Fontes diz que há uma migração dos criminosos que realizavam esse tipo de crime para os arrastões em prédios de alto padrão.
"O crime é dinâmico. O bandido
vai onde existir mais facilidade,
onde ele pode conseguir mais dinheiro com menor esforço", afirma o delegado Godofredo Bittencourt, diretor do Deic.
BL é apontado como um dos
cinco "cabeças" procurados pela
polícia. Eles seriam responsáveis
por liderar ou orientar as demais
quadrilhas. Outro líder, Alexandre Pires Ferreira, 29, o ET, também membro do PCC, foi preso
na semana retrasada quando voltava do Rio Grande do Sul.
Segundo Fontes, BL também estava naquele Estado no mesmo
período, mas a polícia não tem
provas de ligação entre eles.
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