São Paulo, terça-feira, 30 de novembro de 2004

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VIOLÊNCIA

Polícia não tem dados anteriores, mas admite tendência de crescimento; ladrões de banco migraram para roubos a edifícios

SP tem 20 arrastões a prédios em 6 meses

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos 20 prédios de alto padrão foram alvo de arrastões em São Paulo e região metropolitana nos últimos seis meses. Segundo a polícia, que reconhece tendência de crescimento desses roubos, ao menos três quadrilhas que promovem arrastões são formadas por líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital).
O último crime desse tipo ocorreu na madrugada de anteontem. De cinco a sete homens armados, segundo a polícia, invadiram 13 de um total 20 apartamentos de um prédio de alto padrão no Alto do Mandaqui, zona norte de São Paulo.
Não há dados sobre períodos anteriores -a Secretaria da Segurança Pública afirma que os casos são computados nos dados gerais sobre roubos-, mas a polícia admite aumento dos registros de arrastões. "Os casos estão mais freqüentes. É onde eles [os criminosos] estão tendo mais sucesso, o resultado é maior", afirma o delegado Ruy Ferraz Fontes, do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado).
Segundo Fontes, um rastreamento em distritos policiais feito pelo Deic apontou 18 ocorrências de arrastões em prédios no período que inclui os últimos seis meses até a última sexta-feira. Mais dois casos foram registrados depois disso -o roubo de um flat no bairro de Higienópolis, no centro, e o assalto no prédio no Alto do Mandaqui.
De acordo com Fontes, pelo menos três quadrilhas sediadas na capital realizam arrastões. Entre os membros, líderes do PCC. Ontem, o Deic anunciou a prisão de um suposto líder de quadrilhas. Carlos Antonio da Silva, 26, o BL, foragido da prisão, é apontado como o comandante de um arrastão, no começo do mês, em Moema (zona sul). Os ladrões levaram mais de R$ 1 milhão em dinheiro, jóias e eletroeletrônicos, segundo cálculo da polícia.
Quando foi preso, na última sexta, em São Bernardo do Campo (Grande SP), BL tinha no bolso o relógio de um dos moradores do prédio em Moema, segundo o delegado. O suspeito negou à polícia as acusações.
Ele também teria admitido, em escutas telefônicas realizadas pela polícia, a participação no arrastão. Na sexta-feira, o Deic também prendeu Eduardo Gomes Bonfim de Lima, 23, suspeito de participar da quadrilha.
A polícia chegou a BL a partir de uma investigação sobre o PCC. Ele seria "piloto" da facção criminosa na zona leste de São Paulo -coordenaria as ações do grupo fora da cadeia nessa região.
BL também era, segundo a polícia, líder da facção na penitenciária de Iaras (interior de SP). Ele fugiu neste ano no primeiro dia de vigência de sua progressão de regime para o semi-aberto.
Na ficha criminal de BL estão quatro assaltos a banco. O delegado Fontes diz que há uma migração dos criminosos que realizavam esse tipo de crime para os arrastões em prédios de alto padrão. "O crime é dinâmico. O bandido vai onde existir mais facilidade, onde ele pode conseguir mais dinheiro com menor esforço", afirma o delegado Godofredo Bittencourt, diretor do Deic.
BL é apontado como um dos cinco "cabeças" procurados pela polícia. Eles seriam responsáveis por liderar ou orientar as demais quadrilhas. Outro líder, Alexandre Pires Ferreira, 29, o ET, também membro do PCC, foi preso na semana retrasada quando voltava do Rio Grande do Sul.
Segundo Fontes, BL também estava naquele Estado no mesmo período, mas a polícia não tem provas de ligação entre eles.


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