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85 jovens da Febem conseguem fugir de unidade supersegura
Foi a maior fuga do ano; fugitivos são reincidentes de crimes como seqüestro, latrocínio, homicídio e tráfico
Fundação abriu sindicância interna para apurar como dois revólveres, utilizados
para render os agentes,
entraram na unidade
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Na maior fuga do ano, 85 internos escaparam ontem de
uma das quatro unidades do
complexo Vila Maria da Febem
(Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor), na zona norte
de São Paulo. Foi a 22ª fuga do
ano da instituição.
Esse complexo é considerado
o mais seguro da fundação e
abriga os "reincidentes graves",
jovens que passaram por outras
unidades da Febem por crimes
hediondos (seqüestro, latrocínio, homicídio qualificado e
tráfico de drogas), além de assaltos. Mais de 70% dos internos do complexo têm mais de
18 anos. Entre os itens de segurança, o complexo conta com
muros mais altos e vigilância
externa mais intensa.
Até a conclusão desta edição,
57 internos tinham sido recapturados pela PM. A Folha apurou que a Febem desconfia que
a fuga tenha sido facilitada por
algum funcionário.
Ao lado do complexo fica sediado o GIR (Grupo de Intervenção Rápida), especializado
em conter presos em penitenciárias e cedido para a Febem.
Os agentes do GIR, que usam
cassetete, escudo e capacete e
são treinados pela PM, foram
chamados, mas não conseguiram impedir a primeira fuga da
unidade neste ano.
Testemunhas relataram ter
visto dois revólveres serem
usados pelos jovens para render os agentes de segurança
-que não portam armas.
A instituição abriu sindicância interna para apurar como
as armas, levadas com os internos na fuga, chegaram à unidade. Nenhum tiro foi disparado
e ninguém se feriu na ação.
"Foi um caso bastante grave,
que está sendo objeto de inquérito, porque os jovens estavam
com revólver. Temos que analisar com grande cuidado o que
aconteceu, até para experiência futura", disse o governador
Cláudio Lembo (PFL).
Com capacidade para abrigar
cem reeducandos, a unidade
estava com 99 internos antes
da fuga, ocorrida às 4h50.
A estratégia dos internos começou com uma simulação.
Um deles fingiu sentir dores na
mão e pediu a um agente que
abrisse a porta do módulo onde
estava para levá-lo à enfermaria, que funciona 24 horas.
A unidade da Vila Maria possui quatro módulos com capacidade para 25 internos em cada um deles. As portas são fechadas das 22h às 5h30.
Após abrir a porta, o agente
foi rendido e ameaçado de
morte. Dois internos, armados,
obrigaram outros funcionários
a abrir os outros três módulos.
Aos gritos de "corre, corre!",
os garotos foram em direção à
saída -tática chamada de "cavalo doido". Passaram pelo setor administrativo e abriram o
portão de seis metros de altura
que dá acesso uma avenida paralela à pista da marginal Tietê.
"Só queria passar o Natal
com a minha mãe", disse um
fugitivo após ser capturado.
A maior fuga da Febem foi
em 2005, quando 375 internos
saíram de unidade do Tatuapé.
Colaboraram DANIELA TÓFOLI e ROGÉRIO PAGNAN, da Reportagem Local
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