|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bebê nascido sem cérebro sobrevive há nove dias
Marcela, de Patrocínio Paulista, mama e responde aos estímulos musculares
Mãe descobriu que a filha nasceria anencéfala no quarto mês de gestação; em casos semelhantes, Justiça pode autorizar o aborto
LUÍS FERNANDO MANZOLI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Uma bebê anencéfala (sem o
cérebro) completou ontem nove dias de vida. Marcela de Jesus Galante Ferreira, de Patrocínio Paulista (413 km de SP),
consegue responder a estímulos musculares e, até anteontem, mamava normalmente e
respirava sem aparelhos.
Crianças com anencefalia
morrem com poucas horas de
vida. A anomalia, quando descoberta na gravidez, permite à
mãe fazer o aborto, desde que
obtenha autorização judicial.
Marcela tem uma parte do
córtex cerebral (localizado na
parte frontal da cabeça), mas,
segundo a pediatra que a atende, isso não impede o bebê de
ser classificado como anencéfalo. "É um pedaço ínfimo e que
não está ligado à espinha dorsal", disse Marcia Beani.
A médica afirmou que Marcela respira, suga o leite e consegue reagir a estímulos porque
a sua medula está intacta. "É a
estrutura que controla movimentos involuntários, como os
batimentos cardíacos."
Anteontem, Marcela começou a ter convulsões e teve o
sistema respiratório afetado.
Os médicos a colocaram em um
capacete de oxigênio e passaram a alimentá-la pela veia.
A mãe de Marcela, a dona-de-casa Cacilda Galante Ferreira,
35, permanece na Santa Casa
desde o nascimento da filha.
"Só vou sair daqui quando Deus
quiser." Ela soube que Marcela
nasceria anencéfala no quarto
mês de gestação, mas decidiu
manter a gravidez.
O pai, Dionísio Ferreira, 46,
afirmou não se arrepender da
decisão. "Ao menos ela conheceu o mundo e, mesmo com o
problema, mexeu com tanta
gente." O casal tem mais duas
filhas: Débora, 18, e Dirlene, 14.
Texto Anterior: São José dos Campos: TJ derruba lei que veta pílula do dia seguinte Próximo Texto: Crise no Incor: Salário atrasa e funcionários fazem reunião Índice
|