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Polícia destruiu TVs, dizem moradores
PM e Polícia Civil afirmam que não receberam nenhuma reclamação formal na ocupação
5 famílias contaram à
Folha que houve abuso
nas revistas das casas
durante a operação no
Complexo do Alemão
ROGÉRIO PAGNAN
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
FABIA PRATES
DO RIO
No final de 2009, numa
festa da empresa, Márcio ganhou num sorteio uma TV de
LCD de 32 polegadas. Para receber o bem mais valioso da
casa, sua mulher mandou
pintar as paredes e comprou
um móvel novo.
Ontem, ao voltar para o
imóvel no Complexo do Alemão, o casal chorou ao encontrar o prêmio com a tela
furada, bem no meio.
Segundo Flávia, a mulher,
que pediu para não ter seu
sobrenome divulgado, o buraco na tela foi feito pelo fuzil
de um dos policiais, conforme relatos de vizinhos.
"Eu deixei as chaves da casa com minha vizinha. Disse
que era para entregar aos policiais se eles quisessem revistá-la. Coloquei até a nota
fiscal na gaveta para mostrar
que era tudo certinho", diz.
As polícias Militar e Civil
informaram não ter recebido
nenhuma reclamação formal. Ao todo, cinco famílias
ouvidas pela Folha reclamaram de portas arrombadas
por policiais que reviraram
tudo e destruíram as TVs.
Em várias ruas e becos,
viam-se ontem moradores
trocando as portas quebradas na operação policial.
No domingo, o comandante-geral da PM, Mário Sérgio
Duarte, ordenou que seus
homens revistassem todas as
casas "rua por rua, beco por
beco, buraco por buraco".
Por lei, a polícia pode entrar se houve flagrante ou autorização do dono da casa.
O secretário de Segurança
Pública do Rio, José Mariano
Beltrame, afirma que os policiais só entram em casas do
Complexo do Alemão se houver consentimento dos moradores ou for situação de flagrante de algum crime.
A sede da Central Única de
Favelas (Cufa) na favela da
Pedra do Sapo, no complexo
do Alemão, foi arrombada
por policiais, diz o fundador
do movimento. Celso Athayde fez a afirmação em seu
Twitter e se disse dividido sobre a forma como policiais
estão agindo após a ocupação do conjunto de favelas.
Moradores têm denunciado a existência de corpos na
mata que divide os complexos do Alemão e da Penha.
De acordo com eles, policiais
impedem a entrada de famílias para procurar os corpos.
Segundo os moradores, 60
homens morreram na fuga
da Vila Cruzeiro para o morro
do Alemão, na tarde de quinta. A polícia conta três mortes
desde quinta na operação.
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