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SAIA JUSTA
Mulheres querem mais de feira erótica
PAULO SAMPAIO
da Reportagem Local
Em número bem menor que os
homens, as mulheres que estiveram quinta-feira na abertura da
primeira feira erótica do Brasil, a
Erotika Fair, em São Paulo, mostraram-se insaciáveis.
"Senti falta de variedade. Achei
que ia encontrar mais elementos
para fantasias, tipo roupas de enfermeira, de colegial, de mamãe-noel", disse a estudante Nicole Moralli, 20, que visitou a feira
com a amiga Valquíria Pimpão, 18,
"por curiosidade".
"Li o anúncio da feira na traseira
de um ônibus", diz Valquíria, que
também esperava mais da Erotika
Fair. "A única atração realmente
diferente é aquele túnel (espécie de
tubo de plástico inflado, onde o
público que entra é apalpado no
escuro por modelos pelados)."
Mesmo reclamando da falta de
variedade, Nicole adquiriu um
corselete de vinil preto.
"Meu namorado não sabe que
eu vim aqui, nem gostaria de saber, mas tenho certeza de que vai
adorar o corselete. Todo homem
gosta desse tipo de surpresa."
A auxiliar de scanner Priscilla
Roma, 23, que foi à feira com a dona de cantina Solange Ribeiro, 25,
discorda de Nicole. "As mulheres
dão mais valor a essas fantasias do
que os homens. Eles tiram a roupa
da gente sem notar nada."
De qualquer maneira, as duas
acharam as calcinhas à venda
"meio óbvias". "É tudo muito
igual", disse Solange, que é noiva.
Quanto a ser uma das poucas
mulheres visitantes da feira, Solange diz: "A maioria das mulheres tem vergonha de vir aqui. Elas
não falam desse assunto, mas adorariam falar. Todo mundo gosta."
Acreditando que as mulheres
gostam mesmo do assunto, o empresário Evaldo Shiroma, 34, criador da feira, apostou na frequência
até maior do público feminino.
"Sei que muitas mulheres têm
vontade, mas falta coragem para
frequentar sex shops. Achei que a
feira seria o caminho", diz.
Frequentar sex shops pode ser
um problema para muitas mulheres, mas não para as alunas da psicóloga Marivega Cosegero, 47.
Ela dá aulas de sexualidade para
pessoas da terceira idade e costuma levá-las para visitar lojas especializadas em artigos eróticos.
"Tenho alunas de até 80 anos,
mas ninguém está morto. Todas
mostram muito interesse pelas aulas sobre sexo. É um assunto que as
traz para a realidade de todo mundo." (leia depoimento abaixo)
"Falar naturalmente de sexualidade, ainda mais com gente da minha idade, é muito estimulante. Só
faltava agora eu ter 30 anos. Eu me
arrependo do que não fiz na juventude", diz Míriam Campioni, 60.
"Todo mundo é curioso, inclusive
eu", diz Elemar Puertes, 55, colega
de Míriam.
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