São Paulo, terça-feira, 30 de dezembro de 2003 |
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TRANSPORTES Prefeitura nega que obras estejam paradas, mas admite atraso Abandonado, Paulistão vira depósito de entulho
DA REPORTAGEM LOCAL O atraso nas obras do Paulistão, o antigo Fura-Fila, transformou trechos da avenida do Estado (zona sul de São Paulo) em depósito de entulho e alojamento de operários em moradia para sem-teto. O trecho em pior situação é o que vai da rua Orizona à Leais Paulistanos, interditado em razão das obras. Ali, a avenida é intransitável mesmo para pedestres, devido ao entulho. Ainda assim, as crianças da região aproveitam a falta de carros para brincar entre pedaços de madeira e blocos de concreto com ferros retorcidos. Há cerca de um mês, a sem-teto Juscelina Oliveira Siqueira, 45, mudou-se com dois filhos para um alojamento de operários que estava abandonado. Paraplégica, ela passa o dia no local, mas vai, todas as noites, dormir na rua. A mudança, segundo diz, é necessária pois um alojamento próximo é utilizado para venda de drogas. Para o motorista Adão Aparecido Feijó, 46, que mora na rua Orizona há seis anos, a interdição prolongada da avenida e o acúmulo de entulho aumentaram a violência no local. "Aqui virou um deserto. Segurança, que é bom, não tem. Chegaram a mexer num carro estacionado na frente da minha casa", afirmou. Segundo ele, o entulho está no local há cerca de três meses. A assessoria de imprensa da SPTrans -empresa municipal que gerencia o transporte público- não soube informar desde quando o material está na rua. Mas informou ontem que irá remover todo o entulho na próxima semana. Segundo nota da SPTrans, as obras não estão paralisadas e a empresa está esperando a liberação de R$ 494 milhões por parte do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para terminar o Paulistão. De acordo com o cronograma inicial, o Paulistão deveria ser concluído ainda neste mês. Agora, porém, a empresa diz que não é possível estabelecer um novo prazo para a finalização das obras. O Fura-Fila era uma das principais bandeiras da gestão de Celso Pitta (1997-2000). O projeto foi, inicialmente, orçado em R$ 146 milhões, mas, ao final do mandato de Pitta, já era estimado em R$ 274 milhões. A prefeita Marta Suplicy decidiu manter a iniciativa, deu novo nome ao serviço e, em outubro de 2001, anunciou a intenção de aumentar em 165% a extensão do Paulistão, de 8,5 km para 22,5 km. Texto Anterior: Há 50 anos Próximo Texto: Panorâmica - Retratos do Brasil: IBGE lança atlas com 201 mapas e imagens e estatísticas do Censo 2000 Índice |
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