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AGENDA DA TRANSIÇÃO
Decreto cancelou os gastos que foram autorizados, mas que ainda não tiveram o pagamento liberado
Marta repete final de Pitta e anula despesas
CATIA SEABRA
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A exemplo do antecessor, Celso
Pitta, a prefeita de São Paulo,
Marta Suplicy (PT), anulou ontem, por decreto, despesas previstas no Orçamento para fechar o
balanço geral do município. O
serviço mais afetado será o de limpeza urbana, com corte de R$ 226
milhões. Publicado ontem no
"Diário Oficial", o decreto cancela
todos os gastos autorizados (empenhados), mas que não tiveram
o pagamento oficialmente liberado (liquidação). Na noite de ontem, os empenhos não liquidados
somavam R$ 1,049 bilhão.
Mas, como o decreto poupa de
corte as despesas com finanças,
gestão, saúde e educação, o PSDB
calcula que o cancelamento seja
de R$ 600 milhões a R$ 750 milhões. Em nota oficial, a Secretaria
de Finanças não informou o total
de despesas passível de anulação.
Um levantamento feito pelo gabinete do vereador Roberto Tripoli no Sistema de Execução Orçamentário mostra que, desse R$
1,049 bilhão, menos de R$ 400 milhões serão mantidos.
Na execução orçamentária, a
administração autoriza a contratação do serviço ao empenhar os
recursos. Mas só os paga depois
que o serviço é medido. Aí, o crédito é reconhecido (liquidado).
Em dezembro de 2000, em viagem ao México, Marta acusou
Celso Pitta de cancelar despesas,
e, afirmando que serviços seriam
paralisados, chamou a situação de
"hecatombe".
A paralisação de serviços não é a
única conseqüência do cancelamento. Como o empenho permite a contratação de empresas,
obras e serviços já podem ter sido
feitos. Nesse caso, os fornecedores
buscarão o reconhecimento desse
crédito na Justiça. E o prefeito
eleito, José Serra, herdará uma
briga com credores.
Em nota divulgada ontem, a
prefeitura declara que o decreto
limita-se aos empenhos não liquidados. Afirma que "todas as despesas liquidadas terão seu cronograma de pagamento respeitado".
Apesar desse esforço de fechar
as contas, é grande o risco de Serra herdar um buraco. A dois dias
do fim do ano, a prefeitura contava, ontem, com R$ 613 milhões
em caixa. Desses, R$ 552 milhões
serão consumidos pelas despesas
já reconhecidas. Sobram R$ 61
milhões para cobrir todos os empenhos que ainda não foram liquidados, mas que são preservados no decreto de cancelamento.
Como esse total é de cerca de R$
400 milhões, é de pelo menos R$
240 milhões a diferença entre o
que a prefeitura tem em caixa e o
quanto se dispõe a pagar.
Além disso, existe o risco de a
prefeitura não pagar hoje sua
prestação mensal de dívida com a
União, que é de cerca de R$ 100
milhões. Segundo a Secretaria de
Finanças, a liquidação será feita.
Ontem, o prefeito eleito negou
que tenha tratado da situação financeira do município na audiência com o ministro da Fazenda,
Antonio Palocci. Segundo ele, foi
discutido o pagamento de emendas programadas para São Paulo
no Orçamento da União.
Portaria
Em vigor desde 2002, uma portaria da Secretaria do Tesouro Nacional permitirá que os prefeitos
que estão deixando os seus cargos
passam utilizar recursos de 2005
para ajudar nas contas deste ano.
Segundo nota do Tesouro, "o
repasse dos Fundos de Participação a ser creditado no dia 10 de janeiro de 2005 deverá ser contabilizado como receita orçamentária
do exercício de 2004.
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