FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Três adolescentes que caçavam passarinhos, e um desempregado, de famílias humildes da periferia de Jaboatão dos Guararapes, na Grande Recife, foram sequestrados anteontem por um grupo formado por um homem montado em um cavalo, dois a pé e dois em uma moto.
As vítimas J.G.S., 17, R.L.R., 12, Clézio Francisco Ferreira Lago, 19, e Amaro Luís Fragoso Filho, 42, estavam próximas a um campo de futebol quando foram abordadas pelo grupo. Os adolescentes tinham o hábito de caçar passarinhos no local.
Armados com um revólver e uma pistola, os sequestradores renderam os garotos e o desempregado e os levaram a pé até o cativeiro -uma clareira aberta no meio de um matagal.
Utilizando um celular, um dos sequestradores entrou em contato com a família do rapaz de 19 anos e pediu R$ 5.000 para libertar as quatro pessoas.
A Polícia Militar foi acionada e passou a acompanhar o caso em sigilo. Segundo o chefe da operação, capitão Roberto Galindo, os parentes foram orientados a tentar reduzir o valor do resgate.
Várias contrapropostas foram feitas até que os sequestradores propuseram trocar as vítimas por um aparelho de TV usado de 20 polegadas. As famílias aceitaram.
Quando tudo parecia acertado, um dos bandidos recuou. Desistiu porque ficou com medo de "dar bandeira e não conseguir carregar o objeto durante a fuga", afirmou o capitão.
As conversações foram novamente retomadas. Horas depois, os sequestradores aceitaram receber R$ 600 de resgate. O tio de uma das vítimas emprestou R$ 400. Outros parentes se cotizaram e complementaram a cota.

Mobilização
Para tentar prender os sequestradores, a PM mobilizou um helicóptero e oito carros da corporação, com quatro homens cada um. Os policiais cercaram o local combinado para o pagamento e detiveram dois dos acusados, Edvaldo da Silva Medeiros e Fábio da Silva Rosa, que estavam a pé.
Com base no depoimento deles, a polícia chegou ao cativeiro e libertou as quatro vítimas. Os outros três acusados de participar do sequestro, Ranilson José Moreira, João Alves de Freitas e Bruno César Amorim Araújo, foram presos depois, sem resistência.
Os acusados foram encaminhados ao GOE (Grupo de Operações Especiais), da Polícia Civil. Segundo o capitão da PM, eles confessaram o crime, mas afirmaram que era a primeira vez que participavam de um sequestro.
O policial, no entanto, suspeita que o grupo faça parte da quadrilha da favela dos Milagres, conhecida por se especializar em sequestros relâmpagos.
"Esse grupo não se importa com a condição social dos sequestrados", afirmou o capitão. Segundo ele, em média, eles obtêm R$ 1.500 por ação.
A moto apreendida com os acusados foi entregue à Polícia Civil. O cavalo permanecia ontem em um núcleo de segurança comunitária da cidade.


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