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VIOLÊNCIA
Em 2002, houve 610 mortos em confronto com policiais civis e militares; é o maior número na gestão tucana em SP
Mortes de civis pela polícia batem recorde
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A polícia do governo do PSDB
em São Paulo (Mário Covas e Geraldo Alckmin) nunca matou tanto como em 2002. Segundo estatística da própria Secretaria Estadual da Segurança Pública, foram
610 pessoas mortas em confronto
com policiais militares e civis,
uma média de 50,8 por mês.
É o maior número de civis mortos em confrontos com a polícia
paulista pelos menos desde 1996,
quando a estatística começou a
ser realizada -em 1995, a pesquisa do governo registrou os crimes
ocorridos apenas no terceiro e
quarto trimestres.
As 610 mortes de civis representam uma aumento de 32,8% em
relação aos números de 2001
(Alckmin assumiu em março) e
de 2,5% em comparação a 2000
(gestão de Covas), que registrava
o recorde anterior (veja quadro).
Em 2000, o registro de 595 mortes de civis e um levantamento da
Ouvidoria das polícias Civil e Militar -que apontava que 51% das
pessoas que tinham sido mortas
nessa situação tinham sido baleadas pelas costas- mobilizaram o
governo Mário Covas.
Um dos resultados foi a criação
de uma comissão, com participação da sociedade, para avaliar a letalidade dos conflitos e discutir
métodos para evitar a morte tanto
da população quanto de policiais.
Essa comissão foi abandonada no
começo de 2002.
Com o promotor de Justiça Saulo de Castro Abreu Filho no comando da Secretaria da Segurança Pública, o ano passado foi marcado por grandes operações policiais com o objetivo de conter o
aumento da violência -morte de
11 supostos membros do PCC
(Primeiro Comando da Capital)
em Sorocaba, em março, por
exemplo.
Para a Polícia Militar, que realiza o policiamento ostensivo e é
responsável por 88,6% das mortes
de civis em 2002, a explicação está
no aumento da "ousadia dos bandidos" (leia texto ao lado).
Mas o resultado do crescimento
da violência nos confrontos não
está refletido nas estatísticas sobre
as mortes de policiais -a pesquisa só inclui ações de policiais em
serviço. Foram 59 mortes em
2002, uma a mais do que no ano
anterior. O recorde ocorreu em
1999, com 72 policiais mortos.
Para a Ouvidoria das Polícias, o
crescimento do número de civis
mortos em confronto revela uma
polícia violenta -o que pode se
tornar uma ameaça para sociedade- e uma política de segurança
pública ineficaz. A Ouvidoria realiza um levantamento próprio sobre mortes, mas inclui, ao contrário da pesquisa do governo, mortes cometidas por policiais fora de
serviço.
"Se falou tanto em mudança em
2002, ano eleitoral, mas nada mudou", afirmou o ouvidor das polícias, Fermino Fecchio.
Segundo o ouvidor, a polícia
continua usando a "velha explicação" de resistência seguida de
morte. Ele reclama também da
falta de transparência dos dados.
"Está cada vez mais difícil conseguir informações. Por que esconder isso?", questionou.
Fecchio também critica a desativação da comissão que avaliava a
letalidade dos confrontos. "Não
estou aqui para avaliar a autoridade A ou B. Mas uma coisa é certa:
não se avançou nada na relação
entre cidadão e polícia e as estatísticas continuam iguais ou piores.
A população ainda está esperando o "novo" que foi prometido",
disse o ouvidor.
Sequestros
O Estado de São Paulo fechou
2002 com 321 sequestros registrados, 4,5% a mais do que no anterior. Mas o fechamento da estatística anual confirmou uma tendência de queda. Na comparação
do primeiro trimestre de 2002, em
relação ao mesmo período de
2001, o aumento era de 168%. Na
relação dos primeiros semestres
de cada ano, baixou para 95%. A
maior queda foi registrada principalmente a partir do terceiro trimestre do ano passado.
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