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45 oficiais da PM entregam cargos no Rio
Movimento afirma que, entre os demissionários, estão 14 coronéis; novo comandante assume e diz que não há motim
Grupo quer a volta do coronel Ubiratan, demitido após ato de policiais por reajuste salarial, e a saída do secretário Beltrame
Rafael Andrade/Folha Imagem
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O novo comandante da PM, Gilson Lopes, tomou posse ontem, após a saída de Ubiratan Ângelo |
ITALO NOGUEIRA
MÁRCIA BRASIL
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Um dia após o governador
Sérgio Cabral (PMDB) ter demitido a cúpula da Polícia Militar do Rio de Janeiro, um grupo
de oficiais da PM reagiu e pediu
exoneração de cargos de comando, ampliando a crise interna da instituição no Estado.
Segundo o Grupo dos Barbonos -referência ao antigo nome da rua Evaristo da Veiga,
onde fica o quartel-general da
PM- 45 oficiais da PM de diversas patentes entregaram
ontem cartas pedindo para deixar as chefias que ocupam.
Querem a saída do secretário
de Segurança, José Mariano
Beltrame, e a volta do coronel
Ubiratan Ângelo ao comando
da corporação.
Em reunião no final da noite
de ontem, em uma sala com
cerca de 300 pessoas (entre oficiais, parlamentares e familiares de PMs), a Associação dos
Militares Oficiais Estaduais do
Rio, que congrega os líderes do
movimento, amenizou o tom
contra Beltrame, em carta a ser
enviada ao governador.
Enquanto na reunião de anteontem a saída de Beltrame
era "exigida" no texto, na de ontem era "recomendada". A carta abre a possibilidade ainda de
que, caso o secretário não seja
demitido, fique fora das discussões sobre reajuste dos PMs.
Os líderes do movimento dizem que no grupo há pelo menos 14 coronéis (posto máximo
da hierarquia da PM) e 13 tenentes-coronéis que comandam batalhões. No total, a PM
tem em seus quadros 2.631 oficiais, e cerca de 70 coronéis e
mais de cem postos de chefia.
Nas ruas, o policiamento ostensivo foi mantido normalmente, apesar de pela manhã
ter havido tentativas de paralisação por grupos de PMs em
quartéis em Jacarepaguá e Belford Roxo, segundo os líderes.
O acirramento das tensões
provocou a antecipação da posse do novo comandante da PM,
Gilson Pitta Lopes, 53, ex-chefe
do serviço reservado. A solenidade, prevista para hoje, foi
realizada ontem à noite, no gabinete de comando da PM, com
a presença de Beltrame.
Pela primeira vez em 200
anos da corporação, a posse
ocorreu em um evento sem
convidados. "Não existe motim", disse o coronel Pitta, após
assumir o cargo. Ele recusou-se
a confirmar o total de oficiais
que entregaram os cargos.
"As mudanças ocorrerão e isso servirá para os oficiais jovens alçarem novos postos.
Com certeza a corporação dará
um salto de qualidade caminhando para a modernidade
que a população exige. Não há
rebelião nenhuma", disse.
O afastamento da cúpula da
PM- comandante Ubiratan e
outros oito coronéis- foi anunciada anteontem, após Beltrame ter definido como "insubordinação" protesto de PMs, no
domingo, pedindo aumento em
uma rua vizinha à da que mora
o governador, no Leblon.
Um dos coronéis demissionários, Dario Cony dos Santos
-comandante das Unidades
Operacionais Especiais, que
reúne o Bope e o Batalhão de
Policiamento de Choque-, negou que o grupo seja insubordinado. "Somos organizados, não
somos insubordinados. Estamos insatisfeitos com a saída
do coronel Ubiratan, para nós,
um grande líder."
Segundo o movimento, os
PMs detidos no Batalhão Especial Prisional iniciarão hoje
greve de fome em apoio a eles.
Beltrame procurou contemporizar com o grupo, mas os
criticou. "Salário é a espinha
dorsal, sem dúvida. Mas temos
que ter método, condições e
respeito. Acho um exagero a
atitude tomada."
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