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CARNAVAL
Novo profissional procura presidentes com enredo e patrocínio garantido; solução foi alternativa para Vila e Salgueiro
Escolas do Rio aderem a captador de recursos
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
Nos bastidores de duas das mais
tradicionais escolas de samba do
Rio, a Vila Isabel e o Salgueiro, circula um profissional inédito no
Carnaval: o captador de recursos.
Em nome do patrocínio, essas escolas aceitaram subverter a lógica
tradicional da criação do enredo,
em que o carnavalesco inventa o
tema, a escola aprova e busca verbas.
Com o captador de recursos, o
enredo vem primeiro que a escola.
O captador "vende" a idéia a um
patrocinador e, com a promessa de
recursos, procura uma escola que
aceite levar tudo para a avenida.
O patrocínio prévio e a captação
de recursos terceirizada são formas de driblar a crise que abala as
escolas desde a saída de circulação
de muitos bicheiros, seus grandes
patronos, em meados da década.
No Salgueiro, o captador de recursos foi Luiz Fernando Abreu,
produtor e carnavalesco de escolas
de samba menores. Ele visitou Natal e montou o projeto de um enredo lembrando os 400 anos da cidade. Conseguiu patrocínio de R$
300 mil, em uma parceria entre a
Prefeitura de Natal e o governo do
Rio Grande do Norte. Só então fechou com o Salgueiro.
Para captar recursos para a Vila
Isabel, o médico e carnavalesco
João Luiz de Moura nem precisou
pensar em um enredo. Em uma
madrugada de Carnaval do ano
passado, viu uma entrevista do
prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena Filho (PMDB), dizendo que
gostaria de ver a cidade como tema
de samba-enredo.
Moura montou o projeto e conseguiu o patrocínio de R$ 360 mil
da Prefeitura de João Pessoa. Procurou a Vila Isabel, que aceitou levar para o Sambódromo a homenagem à capital paraibana.
O trabalho de captação de recursos é pago com comissões que variam de 10% a 15% do valor do patrocínio. Os captadores ganham os
créditos de criadores do enredo.
Para desenvolver o desfile, as escolas têm seus carnavalescos de
confiança. E, embora todos neguem, há uma tensão visível entre
os captadores e os executores
-que desenham carros e fantasias
a partir da idéia geral do enredo.
"O Carnaval de homenagens limita um pouco. Por outro lado, estimula a ser mais criativo ainda",
diz o carnavalesco do Salgueiro,
Mauro Quintaes.
O presidente da Vila, Olício Santos, afirma que aderiu ao captador
de recursos porque a escola enfrentava dificuldades. Em 98, ficou
em 12º lugar e quase foi rebaixada
para o Grupo de Acesso.
"Quem tiver enredo e patrocínio
fechados pode nos procurar", diz.
O presidente do Salgueiro, Paulo
Mangano, quer criar na escola um
departamento de marketing, para
que a captação seja realizada internamente. "O patrocínio é um caminho sem volta, mas só aceitamos temas interessantes."
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