São Paulo, domingo, 31 de março de 2002

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ENTREVISTA

ANTIBIÓTICOS

Entidade quer criar controle sobre consumo

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o presidente da Associação para o Uso Prudente de Antibióticos, Helio Sader, 39, tão cedo o país não terá uma política de controle desses medicamentos.
Sader integra um grupo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para controle da resistência bacteriana, resultado do abuso de antibióticos e causadora de gastos anuais de até US$ 5 bilhões por ano nos EUA.

Folha - Há uso desmedido de antibióticos no país?
Sader -
Está provado que, quanto mais se usa, mais cresce a resistência da bactéria. Como é extremamente difícil e caro criar novos antibióticos, é preciso controlar o uso. Alguns países têm controle melhor, na venda e com políticas nacionais de tratamento de infecções. No Brasil não há controle nenhum. O antibiótico é comprado sem necessidade de receita.

Folha - Quais os resultados desse grupo de trabalho da Anvisa?
Sader -
Estamos trabalhando há pouco mais de seis meses. A intenção é propor planos de controle da resistência. São dois objetivos: controle da venda e avaliação da magnitude do problema. O empecilho é que a maioria dos laboratórios de microbiologia não está preparada para detectar resistência e a porcentagem de hospitais com laboratório de microbiologia é muito baixa.

Folha - O que contribui mais para a resistência? Médico ou paciente?
Sader -
Os dois lados. O que ocorre com maior frequência é que o médico é vencido pelo cansaço, especialmente o pediatra.

Folha - Quais cuidados o paciente deve ter ao tomar antibiótico?
Sader -
Usar só sob prescrição médica. É comum o paciente melhorar e parar de tomar. Ele facilita o aparecimento de bactérias mais resistentes.


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