São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 2002

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BARBARA GANCIA

O que é isso, companheiro?

Meu mundo caiu! Você deve ter lido, caro leitor, a declaração do candidato Lula sobre seu novo amigo do peito, Orestes Quércia.
Pois eu nunca pensei que veria o dia em que Luís Inácio Lula da Silva iria proferir a seguinte sequência de vocábulos: "Até agora nenhuma condenação foi concretizada contra Quércia. Se o PMDB me apoiar, será ótimo". Ora, sr. Lula! Até parece que Quércia precisa de condenação para sabermos com quem estamos lidando.
Para conhecer melhor seu novo chapinha, seu Lula, basta ir ao interior do Estado e perguntar quem é Orestes Quércia. Digo mais: a meu ver, qualquer político que tenha começado a carreira como proprietário de uma Brasília velha e terminado o derradeiro mandato como multimilionário já está automaticamente sob suspeição.
Muito me admira o senhor, seu Lula, que é um sujeito íntegro e cumpridor dos seus deveres, vir agora com esta conversa mole para cima da gente. Que o senhor ache do peru aquele francês arruaceiro, o José Bové, eu ainda engulo. Afinal, cada um com seus problemas.
Mas adotar, de repente, a abjeta retórica malufista para explicar uma aliança espúria e travada apenas por conveniência me faz pensar que talvez o senhor não seja a pessoa ilibada que aprendi a respeitar ao longo dos anos.
E, já que estamos aqui conversando, permita-me, prezado candidato, abordar outro assunto que está entalado na minha garganta. Veja só, seu Lula: só para reforçar a impressão de que o candidato Lula não é um dos responsáveis pela degradação do risco Brasil, andam dizendo por aí que as agências internacionais de rating também erraram nos diagnósticos da Enron e da crise russa.
Ora, a Moodys e a Standard and Poors costumam acertar mais do que errar, caso contrário já teriam fechado. Do mesmo modo, pensar que os investidores internacionais -que vão desde as velhinhas do Meio-Oeste americano até os poupadores da Malásia- irão se comportar de forma irracional é colocar o dogma à frente da razão.
O senhor quer ser eleito, seu Lula? Nesse caso, em vez de dar entrevistas cheias de evasivas e que reforçam a desconfiança no senhor (como a que foi publicada na revista francesa "L"Express" desta semana), que tal o candidato apresentar às agências internacionais de rating, que são independentes e imparciais, não esse que está aí, mas um programa de governo que realmente esmiúce as suas verdadeiras intenções?

QUALQUER NOTA

"Cheese"
O Serra quer desencalhar? Então ele que aprenda a sorrir. Não é exagero: o presidenciável tem o sorriso mais feio do Brasil. Ele sorri para dentro, parece um muppet. Das duas uma: Serra assume de vez a carranca ou dá um jeito no Kolynos.

Já era
Gustavo Kuerten pode ser o mais simpático do torneio de Roland Garros, mas é também o mais malvestido. O uniforme que a Olympikus confeccionou para o nosso campeão tem pinta de camisa de seleção do início dos anos 90. E a bandana de náilon dispensa comentários.

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