São Paulo, domingo, 31 de maio de 2009

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Classe C dita novos valores de consumo ao investir em tecnologia e ducação

OCIMARA BALMANT
RAFAEL BALSEMÃO
DA REVISTA DA FOLHA

O motoboy Alessandro Gonçalves, 26, ganha R$ 1.500 por mês e pagou R$ 1.900 por um celular com câmera de 8 GB de memória.
O filho de Alessandra Silva, 34, faz a quarta série em escola particular; ela e o marido fazem faculdade privada. Mensalidades, que juntas somam R$ 880, bancadas por renda familiar de R$ 3.500.
São duas amostras de uma parcela de moradores da Grande São Paulo que nos últimos anos chegou ao paraíso do consumo. Eles correspondem a 52,7% da população (eram 42,5% em 2003) e estão na mira de empresas de diferentes segmentos e também da publicidade.
Principalmente em tempos de crise, quando mantiveram o seu poder de compra, ao contrário das classes A e B, as mais afetadas. "A classe C está um pouco mais comedida, mas não deixou de comprar", afirma Marco Quintarelli, consultor especializado em varejo.
Para ser eficaz, a propaganda para a classe C não deve usar termos em inglês e precisa focar os detalhes técnicos do produto.
"Vender para a classe C não é simplificar o discurso", explica Mari Zampol, da CO.R Inovação, agência de tendências que "mapeou" o comportamento de consumo de famílias paulistanas com renda entre R$ 1.115 e R$ 4.807, universo que compõe a classe C, segundo parâmetros definidos pela FGV.
O primeiro mito a ser derrubado: não é o mais barato que importa. Trata-se de um comprador informado, que sabe detectar o que é bom e investe pesado se julgar que compensa.

Não é exagero
O motoboy Alessandro ficou "devendo" R$ 400 do salário mensal para comprar um celular N95, da Nokia. Não acha que exagerou. "Com 8 GB de memória e câmera, dá para fazer tudo nele."
Essa mudança de comportamento começou com o Plano Real. Com o controle da inflação e a possibilidade de planejar a longo prazo, a classe C passou a colocar dinheiro no que, tempos atrás, nem cabia no orçamento.
"Classe C é sinônimo de carteira de trabalho, crédito, computador e casa própria", afirma Marcelo Neri, economista da FGV que coordenou a pesquisa "A Nova Classe Média".


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