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Classe C dita novos valores de consumo ao investir em tecnologia e ducação
OCIMARA BALMANT
RAFAEL BALSEMÃO
DA REVISTA DA FOLHA
O motoboy Alessandro
Gonçalves, 26, ganha
R$ 1.500 por mês e pagou
R$ 1.900 por um celular com
câmera de 8 GB de memória.
O filho de Alessandra Silva,
34, faz a quarta série em escola particular; ela e o marido
fazem faculdade privada.
Mensalidades, que juntas somam R$ 880, bancadas por
renda familiar de R$ 3.500.
São duas amostras de uma
parcela de moradores da
Grande São Paulo que nos últimos anos chegou ao paraíso
do consumo. Eles correspondem a 52,7% da população
(eram 42,5% em 2003) e estão na mira de empresas de
diferentes segmentos e também da publicidade.
Principalmente em tempos
de crise, quando mantiveram
o seu poder de compra, ao
contrário das classes A e B, as
mais afetadas. "A classe C está
um pouco mais comedida,
mas não deixou de comprar",
afirma Marco Quintarelli,
consultor especializado em
varejo.
Para ser eficaz, a propaganda para a classe C não deve
usar termos em inglês e precisa focar os detalhes técnicos
do produto.
"Vender para a classe C não
é simplificar o discurso", explica Mari Zampol, da CO.R
Inovação, agência de tendências que "mapeou" o comportamento de consumo de famílias paulistanas com renda
entre R$ 1.115 e R$ 4.807, universo que compõe a classe C,
segundo parâmetros definidos pela FGV.
O primeiro mito a ser derrubado: não é o mais barato
que importa. Trata-se de um
comprador informado, que
sabe detectar o que é bom e
investe pesado se julgar que
compensa.
Não é exagero
O motoboy Alessandro ficou "devendo" R$ 400 do salário mensal para comprar
um celular N95, da Nokia.
Não acha que exagerou. "Com
8 GB de memória e câmera,
dá para fazer tudo nele."
Essa mudança de comportamento começou com o Plano Real. Com o controle da
inflação e a possibilidade de
planejar a longo prazo, a classe C passou a colocar dinheiro no que, tempos atrás, nem
cabia no orçamento.
"Classe C é sinônimo de
carteira de trabalho, crédito,
computador e casa própria",
afirma Marcelo Neri, economista da FGV que coordenou
a pesquisa "A Nova Classe
Média".
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