São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 2000


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VIOLÊNCIA
Quadrilha formada por mais de dez homens, que se chamavam de "Steve", assalta quatro casas e leva três carros
Grupo faz arrastão em condomínio de Cotia

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma quadrilha munida de armas automáticas com mira laser e rádios para comunicação à distância invadiu no sábado à noite o condomínio de classe média alta Granja Caiapiá, a poucos quilômetros da entrada de Cotia, na Grande São Paulo, assaltou quatro casas e levou três carros. A ação demorou duas horas e meia.
Foi o segundo arrastão em apenas dois dias. Na última sexta-feira, um prédio de luxo localizado nos Jardins (zona sudoeste de São Paulo) foi invadido por pelo menos 15 homens, armados com metralhadoras e encapuzados.
A tática usada pelo grupo que assaltou o edifício e pela quadrilha que invadiu o condomínio é bem parecida. No edifício, os ladrões se chamavam de "João" e usavam capuzes para não serem reconhecidos. Todos os moradores e seguranças foram mantidos presos juntos, na garagem. No condomínio, os assaltantes se chamavam de "Steve" e usavam capuzes do tipo "Ivanhoé", usadas por motoqueiros.
No edifício, três ladrões renderam o líder da portaria antes dos demais entrarem. No condomínio, três dos mais de dez assaltantes entraram a pé, por falhas no muro que circunda o local, e renderam o porteiro e o morador Milton Isamu, 41, que ajudava a trocar uma luminária da portaria, antes de desarmar o único segurança que portava uma pistola e abrir passagem para os outros.
A primeira casa a ser assaltada foi a de Isamu. Além de cartões de crédito e talões de cheque, ele perdeu vários eletrodomésticos, como aparelho de TV, de som e forno de mocroondas.
Todos os moradores que chegavam ao condomínio ou que estavam nas outras três casas invadidas eram levados para o quarto dele. "Quando vi, já eram mais de 20 pessoas no meu quarto."
Isamu contou que a quadrilha é organizada e hierarquizada. Ele disse ter percebido que o grupo tem um núcleo, que planeja os assaltos, e que vários integrantes operam como "free-lancer".
"Um deles comentava que estava fazendo um lanche antes de ir para a casa da namorada quando foi chamado. Outro estava preocupado com a desculpa que daria para a noiva, que estava esperando por ele", contou Isamu.
"Um baixinho, com menos de 1m60, era o líder deles. Dava para perceber que cada um tinha uma função. Eles têm uma organização muito legal, que nós mesmos não temos", disse.
Os ladrões não ameaçaram os moradores. Disseram que queriam dólares e jóias e que esperavam a colaboração de todos. Pegaram um Vectra, um Palio Weekend e um Fiat Brava e os carregaram com os objetos roubados.
"A gente percebeu que depois de pegar o dinheiro, cartões de crédito e jóias, cada um poderia pegar o que queria, o que era do seu interesse. Levaram até comida congelada, fraldas descartáveis e bebidas", disse.
Segundo Isamu, havia integrantes da quadrilha do lado de fora do condomínio que pegavam os cartões e sacavam o dinheiro enquanto os demais abasteciam os carros. "Eles disseram: "Digam a senha correta. Se estiver errada, saberemos agora mesmo"."
Os moradores acham que o roubo foi feito pela mesma quadrilha que há dois meses entrou em uma das casas do condomínio, também assaltada desta vez.
O Granja Caiapiá tem 80 lotes e 33 casas. Os moradores estimam que cada propriedade valha cerca de R$ 250 mil.


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