São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 2002

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VIOLÊNCIA

Após denúncias, polícia prende dois irmãos acusados de ameaçar famílias para ocupar imóveis em conjunto da zona sul

Famílias são expulsas do Cingapura

DO "AGORA"

DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos quatro famílias foram expulsas de seus apartamentos do conjunto habitacional Cingapura, no Parque Bristol (zona sul de São Paulo). Os dois irmãos acusados de terem expulsado os moradores foram presos ontem pela polícia.
As investigações contra Daniel Pereira Lima, 29, e Luiz Carlos de Lima, 20, começaram após denúncia anônima. Na ligação ao Disque-Denúncia, uma pessoa disse que os irmãos expulsavam os moradores para transformar os locais em pontos-de-venda de drogas. A polícia ainda não confirmou a informação.
A doméstica Izaura de Lima, mãe dos dois rapazes, nega que eles tenham invadido o imóvel onde ela morava com os filhos. Ela disse ter pago R$ 5.000 pelo apartamento a um homem que se mudou para a Bahia.
"Queremos confirmar isso, pois não sabemos se essa pessoa também foi expulsa do seu apartamento", disse o delegado do 83º DP, Gilmar Pasquini Contreras, responsável pelo caso. O delegado disse que pedirá à prefeitura a relação dos donos dos imóveis.
No sábado passado, um morador procurou o 83º DP para informar que estava sendo ameaçado de morte para que deixasse seu apartamento. Ele, porém, não quis registrar boletim de ocorrência, alegando temer represálias por parte dos irmãos.
Mas, anteontem, o subgerente de padaria José Nilton de Barros, que também morava no conjunto habitacional da zona sul, denunciou à polícia que os irmãos Lima também estavam fazendo ameaças à sua família.
A polícia foi até o conjunto habitacional e acabou prendendo os dois irmãos em flagrante por roubo, já que vários objetos -supostamente das famílias expulsas- foram encontrados no apartamento deles.
A polícia constatou ainda que existem pelo menos sete apartamentos vazios no local. Em quatro deles, os donos, que pagavam em média R$ 55 por mês de prestação, teriam sido expulsos.
O subgerente José Nilton de Barros afirmou que os irmãos Lima utilizavam o nome da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) para intimidar as famílias que pretendiam expulsar. À polícia, os irmãos negaram ser integrantes do PCC e terem usado a sigla como ameaça.
Mesmo com a prisão dos acusados, Barros resolveu deixar seu apartamento. Ontem, da porta do 83º DP, ele já carregava seus móveis em um caminhão para um outro endereço. "Não posso ser achado nunca mais, senão morro", disse.



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