São Paulo, segunda-feira, 31 de julho de 2006

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Cursos abordam futsal, musculação e até o Carnaval

Proliferação de MBAs, que incluem também opções como moda, luxo ou gestão de ONG, chega a confundir os alunos

É preciso que o estudante desconfie dos processos seletivos fáceis, recomenda entidade do setor, que vê "banalização" de cursos

DA SUCURSAL DO RIO

A proliferação de MBAs e outros cursos de especialização divide opiniões e causa confusão em estudantes.
Há, por exemplo, MBAs em moda, luxo ou gestão de ONGs. Os cursos de especialização abrangem um leque ainda mais diversificado. A Fundação Educacional Muzambinho (MG) oferece pós-graduação em musculação e "personal training". A Universidade Veiga de Almeida, no Rio, tem pós em Carnaval. Na Universidade Norte do Paraná, há pós-graduação em futebol de salão.
Para Luca Borroni-Biancastelli, secretário-executivo da Anamba (Associação Nacional de MBA), cabe ao aluno separar o joio do trigo. Ele explica que a associação surgiu para estabelecer padrões mínimos de qualidade e entender o que pode ser definido como MBA.
"A marca passou por um processo de banalização. Se não for uma escola de gestão que ensine finanças e administração de recursos humanos, não faz sentido chamar de MBA", diz.
Para Borroni-Biancastelli, um MBA ruim pode atrapalhar em vez de ajudar na disputa por um emprego. "Empresas sofisticadas não aceitam candidatos com um MBA ruim no currículo porque percebem que ele escolheu um curso de quinta categoria e não se deu conta."
Uma das dicas que ele dá para o estudante é desconfiar de MBAs em que o processo de seleção seja muito fácil. "Uma boa seleção dos candidatos é um sintoma de qualidade da escola", afirma.

Gestão de negócios
A diretora de pós-graduação e pesquisas do Centro Universitário Senac, em São Paulo, Flávia Feitosa, concorda que o título de MBA passou por um processo de abuso nos últimos dez anos, mas defende o MBA em moda da instituição e a especialização em gastronomia.
"O mercado da moda é um dos maiores do mundo. Não é um curso sobre questões fúteis", disse. "Tem foco na gestão de negócios; por isso chamamos de MBA."
Sobre a pós em gastronomia, ela argumenta que é um curso que atende a uma demanda crescente pela sofisticação dos serviços de gastronomia na cidade de São Paulo.
Em meio a tantas opções, o publicitário Alexandre Martini Costa, 30, diz que é comum as pessoas ficarem confusas.
"É uma mistura muito grande. Eu fiz um MBA em marketing e tive carga horária de 650 horas. É maior do que muito mestrado", compara.
Ele afirma que não se arrependeu de sua escolha e que aplica o que aprendeu em sua agência de publicidade. "Valeu muito a pena. Eu aprendi coisas novas e fiquei atualizado com o que está acontecendo no mercado", completa.


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